Jornal Pires Rural - Há 13 anos revelando a agricultura familiar

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Seminário “Corredor das Onças e a propriedade rural”



Recuperar cursos d´ água, nascentes, bordas de mata e áreas florestais está na mão dos agricultores, que além de fazer esse investimento em termos monetário, também tem que disponibilizar trechos de suas propriedades para tal ação.
Essa atitude vai beneficiar tanto agricultores quanto as populações que vivem nas cidades que usam para seu abastecimento a captação de água através do serviço das concessionárias, portanto não é justo que o agricultor sozinho arque com o custo total de reflorestamento e preservação em sua propriedade, mas que toda a sociedade também contribua com a sua parte financeiramente.

Munidos desse pensamento foi realizado dia 17 de abril o seminário “Corredor das Onças e a propriedade rural”, em Campinas. O debate ocorreu no Salão Nobre da Faculdade de Educação da Unicamp, teve como coordenação o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ARIE Matão de Cosmópolis, com apoio do Núcleo de Economia Agrícola e do Meio Ambiente do Instituto de Economia da Unicamp. Além de agricultores das cidades de Cosmópolis, Artur Nogueira, Paulínia, Holambra e Campinas estava também presente o vice-prefeito de Campinas, Henrique Magalhães Teixeira, o secretário municipal do Verde e do Desenvolvimento Sustentável, Rogério Menezes, e o subprefeito do distrito de Sousas, Wander Vilalba, engajados no tema do projeto “A propriedade rural e o Corredor das Onças: como podemos ajudar”.

Pagamento por serviços ambientais
O seminário foi dividido em 3 palestras com foco na orientação aos agricultores, os temas foram sobre o Novo Código Florestal por Isabela Kojin Peres, água e a propriedade rural pelo professor Marcos Folegatti da Esalq e fauna, biodiversidade e conservação por Elildo Carvalho Junior do Cenap (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos e Carnívoros).
De acordo com o coordenador do Núcleo de Economia Agrícola e do Meio Ambiente da Unicamp, Prof. Dr. Ademar Ribeiro Romeiro, “quando um agricultor deixa de produzir em uma área para recuperar a mata ou muda suas práticas para uma gestão mais sustentável tem um custo, e esse custo tem que ser de alguma maneira repartido com quem se beneficia desse serviço. Nesse sentido, o custo de “recuperação da natureza” partilhado com a sociedade de maneira geral é o chamado pagamento por serviços ambientais (PSA), é uma nova forma de política ambiental, visa remunerar os agentes econômicos que contribuem para preservação e recuperação dos recursos naturais. Recentemente fizemos uma pesquisa sobre a disposição da população da Região Metropolitana de Campinas em pagar por esse tipo de serviço, e a resposta da população foi de que está disposta a pagar R$10,00 por mês na conta de água durante 10 anos. Isso dá margem para concluirmos que podemos continuar com os nossos trabalhos porque o ambiente geral é propicio, em função da consciência ecológica mostrada” acrescentou o pesquisador.

Cadastro ambiental rural
Para Márcia Gonçalves Rodrigues, analista ambiental da ARIE Matão de Cosmópolis/ICMBio, organizadora do seminário, o objetivo do evento é viabilizar a melhoria da qualidade ambiental da região como um todo, isso envolve melhoria na qualidade do ar e da água; “a nossa proposta aqui é implantar o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Esse cadastro é como se fosse uma “declaração do Imposto de Renda” da propriedade rural e queremos preparar os agricultores para isso. Essa exigência nunca aconteceu à pequena propriedade e isso tem um resultado positivo se cada propriedade rural tiver uma pequena nascente e protegê-la. Precisamos aumentar a produção de água em nossa região e isso vai influenciar no clima, na qualidade do ar e no aumento de nossa biodiversidade. Pretendemos fazer a adequação ambiental das pequenas propriedades com os plantios compensatórios das empresas de nossa região, amenizando o custo do produtor. Ao mesmo tempo estaremos formatando e implementando o corredor de conexão da fauna silvestre para ela circular em segurança” explicou Márcia.

[Matéria publicada originalmente na edição 129 do Jornal Pires Rural, 02/05/2013 - www.dospires.com.br]


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