Brunela o alface 'sucrilhos'
Brunela também pode ser conhecido como o alface ‘sucrilhos
crocante”. Explico; o consumidor brasileiro esta acostumado a comprar dois
tipos de alface; o crespo por sua característica visual e também o alface
americano, devido sua “crocância”. Fato que levou a queda no consumo do alface
crespo. O pesquisador Dr. Cyro Paulino da Costa constatou esse fato e começou a
buscar a solução no desenvolvimento de uma nova qualidade inovadora e
diferenciada que fosse de encontro com a vontade do consumidor, assim nasceu a
Brunela.
Em 2010 o professor Fernando César Sala iniciou seus
trabalhos no Departamento de Biotecnologia e Produção Vegetal e Animal, do
Centro de Ciências Agrárias (CCA), do campus de Araras da Universidade Federal
de São Carlos, a UFSCAR, que recebeu como doação o banco de germoplasma
desenvolvido pelo Dr. Cyro Paulino da Costa, que estava se aposentando.
Juntamente com esse banco de sementes estava sendo iniciada a pesquisa da nova
variedade Brunela.
O professor Fernando deu prosseguimento as pesquisas que
duraram mais quatro anos, até chegar ao mercado. “Dia 22 de maio fez um ano que
disponibilizamos as sementes para os produtores testarem. E o resultado foi
excelente, a aceitação está sendo boa, o preço de venda é o mesmo do que as
outras qualidades de alface”, destaca Fernando.
A pesquisa
O foco do Centro de Ciências Agrárias é ter uma tecnologia
UFSCAR para desenvolver alfaces tropicais para o Brasil. O alface Brunela é a
primeira variedade que está sendo disponibilizada ao mercado das mais de 10
espécies ainda em pesquisas. “O projeto não visa só uma variedade, nossa ideia
é fazer uma alface mimosa, uma lisa, uma romana, uma roxa crocante, assim
sucessivamente”, aponta o pesquisador que tem como ajudantes técnicos da área
experimental da faculdade, Eduardo Amaral, 30 anos de experiência no campo e o
técnico agrícola Samuel Chiodi, morador do bairro dos Pires.
A nova variedade de alface acrescenta o conceito gourmet,
muito usado no setor de gastronomia, para denominar sabores únicos, por isso a
Brunela tem uma característica com tipologia de folha grossa, crocante e muito
saborosa. “Isso foi feito através de cruzamentos de flores de diversas
variedades de alface. Com financiamento do governo brasileiro e pesquisadores
também brasileiros”, disse Fernando.
Cruzamento
Cinqüenta por cento do mercado brasileiro consome a alface
crespa (Vanda) e o alface tipo americano, com formação de uma cabeça parecido
com um repolho, esse ocupa uma fatia de 30% de nosso mercado. O professor
Fernando conta, “a principal característica do alface americano é a sua
crocância, entretanto é um alface que tem muitas limitações de cultivo pelo
fato de quando está formando a cabeça e há ocorrências de chuvas ela acumula
água em seu interior, perdendo a planta”.
Ele continua, “qual foi a ideia da Brunela? Foi fazer uma
alface com a arquitetura da crespa, aberta, que não acumula água, com a textura
e crocância da americana, sem a cabeça. Ao consumir uma salada, com a Brunela,
a pessoa irá comer algo que lhe dá prazer, sabor. Sua crocância lhe confere
suculência. Na época da copa, quando um estrangeiro chegar ao Brasil e querer
saborear uma salada típica, que opção ele teria? A salada simples com alface
crespa amarga e com tomate sem sabor e a salada completa, que é uma fortuna e
vem palmito, alface, tomate, milho e ervilha. A Brunela veio para acrescentar
sabor a mesa do brasileiro”, apontou.
Produção
A Brunela tem o mesmo ciclo de produção das outras
variedades de alface, porém ela é uma mini crocante, a maior das espécies, com
número de folhas igual da crespa, mas seu porte é bem menor. Sua vantagem é que
pode ser cultivada com cinco linhas no canteiro, colocando até 50% a mais de
planta numa mesma área ocupada pela alface crespa. O cultivo hidropônico também
apresentou excelentes resultados, assim como o cultivo orgânico.
Há um ano a Brunela esta sendo validada de forma comercial
em 7 estados brasileiros. “Com o seu lançamento oficial ocorrido dia 22 de
maio, último, estaremos agora licenciando empresas no setor de sementes
interessadas em vendê-la para que o produtor tenha acesso comercialmente a
semente, e a universidade receberá royalty´s por essa venda” pontuou Fernando
Sala.
Por enquanto, o produtor que estiver interessado no cultivo
da variedade de alface Brunela é só entrar em contato com a UFSCAR, pois a
universidade está doando sementes aos interessados. O contato pode ser feito
pelo telefone 19 – 3543.2660, dizer sua demanda para receber as sementes.
Os alfaces podem ser plantados em linha de 5 pés.
Capa da edição 131 do Jornal Pires Rural
[Matéria publicada originalmente na edição 131 do Jornal Pires Rural, 31/05/2013 - www.dospires.com.br]
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