Jornal Pires Rural - Há 13 anos revelando a agricultura familiar

domingo, 30 de junho de 2013

O valor da agricultura familiar

Agricultura familiar deve ser entendida como aquela em que a família, ao mesmo tempo em que é proprietária dos meios de produção, assume o trabalho no estabelecimento produtivo. É importante insistir que este caráter familiar não é mero detalhe superficial e descritivo: o fato de uma estrutura produtiva associar família com produção e trabalho têm consequências fundamentais para a forma como ela age economicamente e socialmente.
Antigamente, um maior número de filhos representaria mais braços (mão de obra) na família para trabalhar na agricultura. Atualmente, as aspirações são outras: de um lado, a utilização de máquinas e equipamentos e de outro, os produtores familiares aspiram novos projetos de vida profissional para seus filhos, pois tem como "espelho" para esses, sonhos e aspirações diferentes da realidade vivenciada por eles, que foi marcada por problemas para produzir e dificuldade para se reproduzir socialmente na agricultura.
Os projetos que os agricultores acalentam para seus filhos traduzem provavelmente a avaliação que fazem da situação global da sociedade na qual vivem. Basta um número significativo de produtores se oriente para o exterior da propriedade e que comece a preparar seus filhos para outras profissões e para a migração, para que aumente as dificuldades no momento da sucessão das atividades na agropecuária.
O problema sucessório, na maioria dos casos pode conduzir a conflitos que vão desde as formas de remuneração dos irmãos não contemplados com a propriedade paterna até a questão do viés de gênero que tende a acompanhar esses processos. O afastamento dessas questões acaba atrasando a definição dos arranjos familiares necessários, que envolvem tanto o herdeiro e a continuidade da unidade de produção paterna, quanto o destino dos demais irmãos não sucessores.
A situação de relacionar a cidade com uma melhor qualidade de vida do que o campo precisa ser revertido, pois, as cidades se mostram sem condições de receber mais migrantes. A continuidade da vida no campo como moradia e trabalho para esses jovens, se repensadas com o acréscimo: de crédito rural acessível, boas estradas, garantia e obtenção de preço justo na venda da produção, e acesso à moradia, a assistência médico-hospitalar, ao ensino de qualidade, com certeza trarão mais possibilidades de um futuro promissor do que nas cidades.  


[Matéria publicada originalmente na edição 128 do Jornal Pires Rural, 17/04/2013 - www.dospires.com.br]



Araras: Reunião discutiu programas governamentais de compra de produtos da agricultura familiar




“Temos a obrigação de montar uma equipe e preparar os produtores para fornecer para programas governamentais de compra de alimentos”, afirmou Nivaldo Maia, gerente de operações da CONAB.

Assim afirmou Nivaldo Maia, gerente de operações da CONAB, um dos palestrantes presentes na “reunião de trabalho sobre programas governamentais de compra de produtos da agricultura familiar”, promovido pelo EDR (escritório de desenvolvimento regional) CATI de Limeira, na cidade de Araras, no inicio de abril.

O encontro teve o objetivo de esclarecer a gestores municipais e aos agricultores sobre programas governamentais de compra de alimentos diretamente da agricultura familiar, com produção local ou regional.
Sob as siglas PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) a reunião teve as palestras de Nivaldo Aparecido Maia da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), São Paulo e de Francisco Martins, zootecnista e assistente agropecuário da CATI Campinas, que apresentou o PPAIS (Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social), uma iniciativa do governo de São Paulo.

A fim de esclarecer a gestores municipais de diversos setores e aos agricultores sobre programas governamentais de compra de alimentos diretamente da agricultura familiar, com produção local ou regional, aconteceu na cidade de Araras a “reunião de trabalho sobre programas governamentais de compra de produtos da agricultura familiar”. O encontro foi promovido pelo EDR (escritório de desenvolvimento regional) CATI de Limeira, através de uma demanda do Conselho Regional Agrícola, cujo presidente é o ex-secretário de agricultura de Limeira João Santarosa. Em Araras estiveram presente prefeitos, vereadores, secretários municipais de agricultura, técnicos e agrônomos da CATI, funcionários públicos ligados a compra de produtos para a merenda escolar e alguns agricultores.
Sob as siglas PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) a reunião teve as palestras de Nivaldo Aparecido Maia da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), São Paulo e de Francisco Martins, zootecnista e assistente agropecuário da CATI Campinas, que apresentou o PPAIS (Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social), uma iniciativa do governo de São Paulo.

Demolimos a agricultura familiar
Nivaldo Maia, gerente de operações da CONAB, expôs claramente seu ponto de vista em relação à opressão do setor público frente aos agricultores familiares, influenciando sua produção, repercutindo na família, na renda e consequentemente trazendo um modo de vida precário no campo. “Nós que trabalhamos para o governo, demolimos a agricultura familiar. Nós entregamos a produção dessa gente na mão de escritórios [atravessadores] que vendem no mercado [por preços] o quanto querem e pagam o quanto querem aos produtores” disse. Nivaldo ainda citou o fato de que muitas prefeituras exigem do agricultor que monte uma logística e passe a entregar ponto-a-ponto e achar que o setor público não tem nada com isso, “tem sim, temos a obrigação de montar uma equipe e preparar esses produtores para voltar a fornecer pra gente, porque se não vai crescer o consumo e diminuir a produção e isso temos acompanhado de perto”.
Em relação ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Nivaldo foi bem categórico aos gestores públicos presente dizendo que “não adianta querer separar 30% da verba destinada pelo governo e licitar os outros 70%. Não adianta querer devolver sobras de recursos do PNAE dizendo que não teve produtos da agricultura familiar local para comprar. A prefeitura terá que devolver 100% dos recursos e o governo vai entender que essa prefeitura não precisa desses recursos e o município será cortado. Se for devolvido durante 3 anos devolveu uma cota inteira”.

A ideia de unir o produtor com o Estado
Francisco Martins, disse que na CATI ele trabalha com políticas públicas para o pequeno agricultor como credito rural (Pronaf, Feap) e compras governamentais. Seu foco na palestra foi apresentar essas políticas públicas ao pequeno agricultor, sendo a agricultura um setor da economia estadual que movimenta R$40 milhões por ano. “A lógica do mercado não é colocada ao pequeno produtor; quando ele quer comprar qualquer produto está na mão de 4 empresas e na hora da venda também, como atacadistas ou CEASA. Sendo o elo mais fraco da corrente o produtor não fala quanto custa seu produto é o atacadista que fala quanto vai pagar. Aí, ou ele vende ou joga fora. As políticas públicas para o pequeno produtor vêm quebrar essa lógica porque o Estado precisa comprar alimentos e o produtor vender o que produz” comentou Francisco.
“Sempre me perguntam qual é o melhor programa de compra de alimentos, eu digo que é pra fornecer aos três, pois o PAA oferece $8 mil ao ano por produtor, o PNAE $20 mil/ano e PPAIS mais $12 mil/ ano, ao todo são R$40 mil que cada produtor pode receber por seus produtos e a tendência é aumentar” enfatizou.

Divulgação pelos técnicos da CATI
O PPAIS que é uma iniciativa do governo de São Paulo, estabelece que no mínimo 30% das verbas estaduais destinadas à compra de alimentos deverão ser utilizados para adquirir produtos da agricultura familiar, in natura ou manufaturados, para servir escolas, presídios, hospitais e instituições de amparo social. Francisco alerta, “sendo um programa novo é preciso que os técnicos da CATI divulguem e estejam próximos dos produtores na hora de responderem a chamada pública, fazendo o produtor confiar no programa, que poderá entregar seu produto e receberá por isso”.

Companhia + Banco = Parceria
Também tomou a fala outra gestora da CONAB sobre o acordo que a empresa fez com BNDES para programas de pequenos investimentos para organizações que trabalham com Programa de Aquisição de Alimentos. Segundo Madalena Izoton essa parceria entre CONAB e BNDES, disponibilizará 23 milhões de reais e “é uma demanda dos movimentos sociais que objetiva tirar um dos gargalos da produção, beneficiamento e comercialização dos produtos para o PAA e PNAE além de melhorar a estrutura de produção e manipulação para ofertar ao mercado privado. São recursos não reembolsáveis (fundo perdido), para cooperativas e associações que objetivam logística de entrega de produtos, processamentos e beneficiamento da produção. O valor disponível no momento é de R$5 milhões que focará projetos até R$50 mil” destacou. O edital está disponível no site da CONAB.


Francisco Martins (CATI), Madalena Izoton e Nivaldo Maia (ambos da CONAB)


Capa da edição 128 do Jornal Pires Rural - 17/04/2013


[Matéria publicada originalmente na edição 128 do Jornal Pires Rural, 17/04/2013 - www.dospires.com.br]

Citricultura: Fruta de mesa é o melhor negócio

O Brasil pode incluir o suco de laranja nos lares da família brasileira. 


A erradicação da citricultura paulista virou um "consolo" para aqueles que produziam somente pra a indústria. Frustrados com o atual cenário de preços muito abaixo do esperado, estoques jamais calculados na indústria, o citricultor quer partir para outras culturas. A estimativa é de quebra de 30% na produção de citrus no Estado de São Paulo.
A exportação de suco de laranja para Estados Unidos e Europa já é coisa do passado, quando nós, brasileiros dávamos somente a eles a capacidade econômica de se alimentar melhor, pagando por um cardápio que inclui o suco de laranja diariamente. Ora, o Brasil já dispõe de um cardápio que pode incluir o suco de laranja. Seja nas instituições e redes de ensino, seja nos lares da família brasileira.
O problema, hoje, é termos consumidores brasileiros dispostos a pagar por fruta de qualidade e a roça não poder oferecer esse alimento porque destinou toda a sua produção para um só cliente; a indústria. Supõe-se, então, que a situação não é tão crítica o quanto imaginávamos! Existe uma saída. O que está ocorrendo é uma mudança no cenário de crise da citricultura onde alguns atores que já conseguiram visionar o negócio antes da concorrência, estão obtendo melhor remuneração. Aquele que oferecer a melhor fruta será mais bem remunerado na concorrência de mercado onde o consumidor final é o seu patrão.

A nossa região não dispõe mais de tangerinas ponkã.
Igor Tetzner, citricultor e comerciante de frutas, está adquirindo frutas em Campanha, MG. "A safra em Minas Gerais está um pouco atrasada, mas eles têm disponibilizado frutas para São Paulo e Rio de Janeiro a R$ 11,00 a caixa no pé, prevendo alta nos preços no final do ano em função da queda na produção. Outro fator que vai colaborar para a alta nos preços (da laranja de mesa) é o espaço entre as safras, situação que não estava ocorrendo há dois anos consecutivos. Em função disso tivemos que conviver com frutas de qualidade inferior", afirma Tetzner.
Segundo Tetzner, a indústria Cutrale deverá oferecer R$ 7,00 pela caixa, com porcentagem na participação da tonelada do preço do suco concentrado. O comerciante destaca que o citricultor que deseja um preço melhor deve procurar o sindicato Rural Patronal e participar dos leilões que o governo dispõe com preço mínimo melhor que o oferecido pela indústria.

[Matéria publicada originalmente na edição 128 do Jornal Pires Rural, 17/04/2013 - www.dospires.com.br]


Capa da edição 128 do Jornal Pires Rural - 17/04/2013



sábado, 29 de junho de 2013

A viabilidade econômica do cultivo do abacaxi depende muito da atuação do produtor

Produtores da região de Cosmópolis durante curso da cultura do abacaxi


Aconteceu no último dia 11 de abril, na CATI, Cosmópolis, o curso da cultura do abacaxi. Os cursos sobre fruticultura destinados a agricultura familiar, vêm como alternativa a citricultura no município de Cosmópolis e região. Segundo André Luiz Xavier de Macedo Barreto, engenheiro chefe da Casa de agricultura (CATI) em Cosmópolis, o valor pago pela caixa de laranja está muito abaixo do esperado, então, foi acionado todos os Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDR)  para viabilizar novos projetos para a agricultura familiar. "Cosmópolis, pertence ao EDR de Mogi Mirim. Eu como Chefe da CATI de Cosmópolis, orientei projetos de fruticultura como maracujá, abacaxi e a nova olericultura", afirma Barreto.
O município de Cosmópolis já conta com a economia da olericultura, com o Projeto da Nova Olericultura o agricultor deverá focar a qualidade, a CATI está focando o plano de venda e aquisição de alimentos, o PAA, PNAE e o PPAIS, pra alcançar resultados o agricultor dever apresentar além de quantidade a qualidade, estabelecendo aí uma nova dinâmica no campo.No mês de maio, a CATI realizará o curso de Horticultura Folhosa, para qualificar os produtores. A CATI Cosmópolis está aberta a outros municípios de outros EDR.
Além disso, a CATI junto com Secretaria de Agricultura de Cosmópolis adquiriu mudas clonadas de abacaxi e fez um campo experimental voltado para produção de mudas com o objetivo da Prefeitura de redistribuir aos agricultores para poder divulgar e ampliar a cultura. "O campo experimental foi organizado 1000 mudas em 400m², uma área relativamente pequena bem espaçado para obtermos um número maior de mudas. Estamos focamos o produtor que esteja interessado na produção comercial", afirma Barreto.
Ryosuke Kavati, técnico agrícola da CATI Lins, administrou o curso para os agricultores, destacou que a viabilidade econômica do abacaxi depende muito da atuação do profissional na cultura que é totalmente imprescindível para torná-la viável. “Têm operações que não conseguimos nos livrar da mão de obra, pela não evolução tecnológica ainda precisamos realizar a colheita manualmente", afirma Kavati. A cultura do abacaxi exige emprego razoável de mão de obra e é sazonal. Em regiões que tradicionalmente cultivam o abacaxi, a mão de obra já está adaptada na própria região.
Para quem vai iniciar a cultura do abacaxi, 40% do custo são mudas. “Não é uma cultura que entrou hoje e sai a hora que quiser. Para um hectare de abacaxi eu planto 4 hectares pela quantidade de mudas disponíveis. Para viabilizar a cultura devemos colocar uma meta e visionar onde a região quer chegar como um Projeto coletivo. A comercialização do abacaxi no estado de São Paulo é realizada na porteira, o interessante é criar um ponto de venda de um grupo. O produtor rural do Estado de São Paulo está envelhecido , não têm quem assuma as propriedades a curto prazo. Num grupo fica muito mais fácil viabilizar, orienta Kavati.     

Ryosuke Kavati, técnico agrícola da CATI Lins

Capa da edição 128 do Jornal Pires Rural - 17/04/2013


[Matéria publicada originalmente na edição 128 do Jornal Pires Rural, 17/04/2013 - www.dospires.com.br]

Produtores agrícolas associados traçam objetivos de desenvolvimento

 João e Valdir, diretores da APAL


Desde 2005 a Associação de Produtores Agrícolas de Limeira (APAL) vem batalhando para elevar o nível de vida dos agricultores associados através da ajuda da Prefeitura de Limeira e recursos de programas estaduais como o oferecido pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI).

Segundo o atual presidente da associação, o produtor rural João Fischer, morador do bairro dos Frades, “a ideia de montar a associação partiu de um grupo de agricultores que estavam fazendo um curso na Casa de Agricultura, em 2005. Pensávamos que a solução iria acontecer de imediato e já iria dobrar o preço das mercadorias”, relembra João citando que a vontade era tanta em atender de forma rápida as necessidades dos agricultores na época que o tempo foi passando e as burocracias com a papelada da associação aumentando, somando as falsas promessas políticas desanimando aquele grupo unido inicialmente.
Hoje, 8 anos após sua implantação, a APAL acabou de ser contemplada com recursos de um projeto orçado no valor de R$287 mil, a fundo perdido. Sendo que 30% desse valor ficará por conta dos associados. O projeto está inscrito no “Programa Estadual Microbacias II: Acesso ao mercado”, da CATI e tem como objetivo a implantação de um entreposto comercial para agregar valor aos produtos dos agricultores e comercializá-los na região de Limeira. Sendo que isso ratificará a melhoria na relação custo benefício para fornecedores e compradores, pois os associados são todos agricultores familiares que terão a chance de aumentar sua representatividade frente ao mercado.
Conforme o relato do presidente da APAL chegar nesse ponto não foi muito fácil, “É tudo muito burocrático. Tivemos que mexer algumas vezes no estatuto, tentamos pleitear um espaço na Incubadora de Limeira e quando isso foi aprovado, metade do grupo já tinha abandonado a associação. Aí ficamos num impasse e decidimos que não era hora de pegarmos nenhum compromisso maior do que nós já tínhamos com as nossas lavouras. Já estava fazendo dois anos de associação e tudo estava patinando. O presidente pediu renuncia, contas vencendo, cheque voltando e quase ninguém estava contribuindo. Foi quando um engenheiro agrônomo, amigo nosso nos deu a maior força para continuarmos e conseguimos mais oito sócios. Hoje somos 30 associados e praticamente todos do bairro dos Frades”, explicou João.

Atualmente, os produtos oferecidos pela APAL em maior quantidade são os Cítricos (laranja de mesa, tangerina ponkan, limão taiti, limão siciliano) o abacate, o quiabo, o milho e a mandioca que são produtos consumidos semanalmente pelos varejos da região.
A associação, devido aos seus fins legais, não pode ter lucro. Então, do dinheiro arrecadado entre os sócios e das vendas do entreposto, ficará com a associação somente o valor necessário para cobrir as despesas fixas e variáveis, bem como uma reserva emergencial.
O valor do projeto ainda contempla toda estrutura de um barracão que servirá de entreposto, uma balança rodoviária de 60 toneladas, máquina de embalagens, móveis de escritório, poço artesiano, fossa biodigestora, câmara fria, além de registro da marca e um site da APAL. João diz: “nós associados pagamos pelo projeto mais de R$9 mil, para poder apresentar a CATI e tentar esses recursos pelo programa Microbacias II. Recebemos a visita de engenheiros da CATI que tinham algumas dúvidas para esclarecer. Eles nos deram uma nota 7 e agora o projeto está na mão do diretor do programa para assinatura. Se tudo ocorrer bem até a segunda quinzena de maio teremos a resposta”.
O pensamento de todos os associados que também está unida pelos laços da igreja de São Francisco dos Frades, é um só resumido nas palavras de João Fischer “queremos com tudo isso continuar na roça fabricando alimentos, conseguir preços justos pra que ninguém vá para arrendamento de cana-de-açúcar. Estamos também recebendo novos produtores que se interessarem em fazer parte da associação, queremos aumentar os produtos oferecidos, principalmente verduras e legumes porque o prefeito de Limeira e o secretário de agricultura já nos procuraram para ofertar alimentos da agricultura familiar à merenda escolar de Limeira, só quem está organizado poderá vender”.

[Matéria publicada originalmente na edição 127 do Jornal Pires Rural, 03/04/2013 - www.dospires.com.br]


Capa da edição 127 do Jornal Pires Rural - 03/04/2013

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Laranjas Transgênicas

Estudo avaliará mudas quanto à resistência a fitopatógenos de impacto



Anualmente, os produtores de citros têm constatado significativo aumento nos custos de produção na tentativa de controlar fitopatógenos bacterianos, em especial aqueles disseminados por insetos vetores. No Brasil, destaque deve ser dispensado à Clorose Variegada dos Citros (CVC), causada por uma bactéria restrita ao xilema e o huanglongbing (HLB), associado a outras bactérias, que colonizam vasos do floema. “Os métodos utilizados para controle dessas doenças são restritos ao uso de mudas sadias, erradicação de plantas doentes e o controle de insetos vetores”, comenta Lísia Borges Attílio, engenheira agrônoma e doutora em Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Fitotecnia, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ).

Segundo a pesquisadora, estes métodos não são totalmente eficientes para controlar as doenças bacterianas de citros. Além disso, as cultivares comerciais de laranja doce não apresentam resistência a estas doenças, o que impossibilita o melhoramento destas cultivares através do método convencional, por cruzamentos. “Uma das alternativas para obter resistência sem alterar as características fitotécnicas destas plantas é o desenvolvimento de materiais superiores por transformação genética”. Em seu doutorado, Lísia produziu plantas transgênicas de laranja doce com um gene que codifica o peptídeo antimicrobiano sintético D4E1, derivado de um peptídeo encontrado em insetos, promovendo a expressão em todas as células da planta ou somente nas do floema. Em etapa posterior, estas plantas serão avaliadas quanto à resistência a fitopatógenos bacterianos de citros. “Resultados de estudos realizados por outros grupos de pesquisa indicaram que este peptídeo apresenta efeito significativo no controle de fitopatógenos in vitro e in vivo em outras espécies”, afirma a agrônoma.

O trabalho de pesquisa realizado permitiu a obtenção de plantas transgênicas de laranja doce das cultivares ‘Hamlin’, ‘Pêra’ e ‘Valência’, contendo o gene D4E1. A transgenia foi confirmada por PCR e por Southern blot, e a expressão do transgene foi confirmada por PCR quantitativo em tempo real. “Com a obtenção de plantas transgênicas expressando um peptídeo antimicrobiano sintético, será possível selecionar as plantas com maior expressão do transgene, para que estas sejam propagadas e desafiadas contra fitopatógenos bacterianos de citros”.

Com orientação de Francisco de Assis Alves Mourão Filho, professor do Departamento de Produção Vegetal (LPV), o projeto foi realizado no Laboratório de Biotecnologia de Plantas Hortícolas, em parceria com Ricardo Harakava, pesquisador do Instituto Biológico de São Paulo, e da professora Beatriz Madalena Januzzi Mendes, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) da USP. O professor Mourão complementa que “os resultados dos trabalhos desta pesquisa se somam aos outros já produzidos e em andamento pelo grupo da ESALQ e do CENA, os quais incluem a produção de plantas transgênicas de citros visando resistência a fitopatógenos por meio de diversas estratégias”.

O projeto contou com o apoio financeiro do Fundecitrus e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A aluna contou com bolsa da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) durante o período do doutorado.

ESALQ - Assessoria de comunicação - 27/06/2013

Resolução define novas regras para compras de merenda escolar

Escola rural municipal Martin Lutero no bairro dos Pires - Limeira, SP.


O processo de compra dos produtos da agricultura familiar pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) ganhou mais detalhamento e clareza. O Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) publicou, nesta semana, no Diário Oficial da União, a Resolução n° 26, de 17/06/2013, que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos de educação básica no âmbito do (PNAE) e traz as novas regras da aquisição de gêneros alimentícios.

“As mudanças darão mais segurança jurídica aos compradores (estados e municípios), à medida que a resolução deixa claro que a modalidade de compra a ser adotada é a Chamada Pública, que é uma modalidade mais simplificada de aquisição de produtos”, explica o coordenador de comercialização da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF/MDA), Pedro Bavaresco. “Do ponto de vista dos agricultores, há maior clareza com relação aos prazos que as chamadas públicas devem ficar abertas e de fácil acesso à população, com relação à definição dos preços dos produtos e os critérios de priorização de compra”, resume.
Serão priorizados, nesta ordem, os produtos de fornecedores:
1º do município;
2º de assentamentos de reforma agrária, indígenas e quilombolas;
3º dos fornecedores de orgânicos ou agroecológicos
4º dos grupos formais (com DAP jurídica) em relação aos Grupos Informais e estes em relação aos individuais (DAP física); e
5º das organizações com maior porcentagem de AF no seu quadro de sócios.

Vale destacar, também, que a nova resolução define que os preços dos produtos a serem adquiridos devem ser publicados na chamada pública.
Os preços deverão incluir despesas com frete, embalagens e encargos para o fornecimento do produto. A novidade beneficia os agricultores, pois antes o preço não considerava itens que deixavam o preço abaixo do custo real do produto. Além disso, o preço de aquisição não terá mais como referência o preço do PAA; será o preço médio pesquisado por, no mínimo três mercados em âmbito local, territorial, estadual ou nacional, nessa ordem, priorizando a feira do produtor da agricultura familiar, quando houver.
O documento também traz os critérios de seleção dos projetos que serão apresentados nas chamadas.
Acesse aqui o capítulo da Resolução que trata aquisição de gêneros alimentícios.

Chamada Pública 
A Resolução define Chamada Pública como “procedimento administrativo voltado à seleção de proposta específica para aquisição de gêneros alimentícios provenientes da Agricultura Familiar e/ou Empreendedores Familiares Rurais ou suas organizações”.  Muitas entidades executoras não usavam a chamada por não entendê-la como procedimento administrativo legal.

Qualidade da alimentação
A resolução também determina: “A aquisição de gêneros alimentícios no âmbito do PNAE deverá obedecer ao cardápio planejado pelo nutricionista, observando as diretrizes desta Resolução e deverá ser realizada, sempre que possível, no mesmo ente federativo em que se localizam as escolas, priorizando os alimentos orgânicos e/ou agroecológicos”. Produtos orgânicos ou agroecológicos poderão ter preços 30% maior em relação aos preços dos produtos convencionais.

MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário - 21/06/2013

Secretário informa que vai regularizar as chácaras consolidadas até 2005


Ao centro o secretário de Planejamento, Felipe Penedo de Barros

Limeira e região vivem o descontrole sobre o parcelamento irregular do solo na área rural. As chácaras de recreio foram criadas de maneira ilegal por toda região. Em 2005 foi regulamentada a Lei Municipal 357/2005 para barrar o parcelamento criminoso e regularizar as chácaras já existentes. Com base nessa Lei a Prefeitura de Limeira cadastrou os interessados para regularização, registrando protocolos e orientando sobre os procedimentos. O período para protocolar  o interesse na Secretaria de Planejamento foi de um anos, de novembro de 2005 a novembro de 2006.
Segundo o arquiteto  Felipe Penedo de Barros, atual secretário de Planejamento da Prefeitura Municipal de Limeira, essa gestão vai realmente tratar esse assunto com seriedade e execução. "Vamos regularizar as chácaras consolidadas até 2005. O papel da prefeitura é analisar caso a caso para avaliar a contra partida dos lotes. As chácaras consolidadas depois de 2005 serão coibidas por medidas legais. Os donos serão penalizados por cometerem crime", afirmou em entrevista Felipe.
Desde 2001, os cartórios não registram mais lotes parcelados na área rural como uma forma de coibir. “Oficiamos os cartórios que tomem ciência do anexo 8 do Plano Diretor NZRPA. Não podem ser registradas áreas inferiores a 100.000 metros. Já o bairro dos Pires, se tratando de uma Macro Zona de Proteção (MZRPN) a área mínima do lote permitido para registro em cartório é de 50.000 metros pela legislação municipal Lei 442/09", acrescentou Felipe.
Enquanto isso as associações de moradores formadas a partir da Lei regulamentada em 2005, aguardam o sinal verde da Prefeitura para realizar melhorias de infraestrutura nas dependências dos loteamentos de chácaras. A lista com os 128 loteamentos de chácaras, fornecidos pela Prefeitura, pode ser encontrada no site www.dospires.com.br.

[Matéria publicada originalmente na edição 127 do Jornal Pires Rural, 03/04/2013 - www.dospires.com.br]

Capa da edição 127 do Jornal Pires Rural - 03/04/2013



Posse do primeiro Conselho da ARIE Matão de Cosmópolis


Aconteceu dia 08/03 a posse do primeiro Conselho da ARIE Matão de Cosmópolis, na UNICAMP de Campinas, com a presença do nobre Prof. Dr. Paulo Nogueira-Neto, responsável pela criação dessa unidade de conservação federal (UC).
A ARIE Matão de Cosmópolis é uma Área de Relevante Interesse Ecológico, localizada entre as cidades de Artur Nogueira e Cosmópolis, sendo de propriedade da Usina Açucareira Ester. Sua criação aconteceu por um Decreto Presidencial em janeiro de 1985, completando 28 anos. A administração da ARIE Matão é realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (lCMBio), órgão Federal vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, cujo papel foi desenvolver estudos e reunir membros para compor o primeiro Conselho Consultivo da ARIE. Liderando esse Conselho através do ICMBio está a analista ambiental e agente de fiscalização Márcia Gonçalves Rodrigues.
Presente a posse do Conselho o prof. Dr. Paulo Nogueira-Neto, sempre teve sua vida ligada à defesa do meio ambiente, sua família é proprietária da Usina Ester, ele citou que no cargo federal que exerceu de 1974 a 1986 organizou a criação de ARIE; “A ARIE diferente de outras reservas ecológicas, é uma área de domínio particular que continua sendo protegida definitivamente, haja o que houver como incêndio por exemplo. Então pensei, antes de criar na família dos outros, vou criar a primeira ARIE na minha família. Consultando os meus familiares, todos concordaram e assim foi feito”. Durante a cerimônia Dr. Paulo falou que está “imensamente grato, vendo que a ideia vingou e que hoje existe o Conselho. Os conselhos das unidades de conservação são extremamente importantes porque as indicações ficam como ordens a serem cumpridas”, completou o professor.
A analista ambiental Márcia Rodrigues seguiu dizendo que estávamos vivendo um momento histórico, pois a ARIE Matão é a primeira unidade decretada no Brasil. “Isso me emociona muito. O Prof. Dr. Paulo sempre esteve presente em minha formação. Quando ele criou essa área não imaginava o fato inusitado que teriamos onças pardas “passeando” pelos canaviais, pelos condomínios, visitando fragmentos florestais dessa região. Hoje sou a primeira servidora federal após 28 anos de criação da unidade. A formação do primeiro Conselho da ARIE veio através das reuniões que tive, primeiramente, com os engenheiros da Usina Ester e a cada reunião íamos agregando instituições. Hoje somos compostos por 17 instituições divididas com poder público e sociedade civil”, salientou.
Entre as instituições que fazem parte desse primeiro Conselho da ARIE estão Petrobras/ Paulínia, International Paper, Usina Ester, Prefeituras de Artur Nogueira e Cosmópolis e a ONG Viva Pires. Para Marcel Menconi, presidente da ONG Viva Pires “é uma honra fazer parte desse conselho, pois visa proteger um pequeno fragmento de mata atlântica rodeado pelo pólo industrial, tecnológico e científico de nossa região. Isso é uma atitude de consciência no presente com visão de futuro na defesa do meio ambiente”, destacou.

Os próximos passos da ARIE é colocar em pratica o projeto Corredor das Onças. Para saber mais sobre os projetos da ARIE Matão acesse, www.icmbio.gov.br/corredordasoncas.

[Matéria publicada originalmente na edição 126 do Jornal Pires Rural, 20/03/2013 - www.dospires.com.br]


quinta-feira, 27 de junho de 2013

É preciso conhecimento para obter sucesso na comercialização.

ENTREVISTA

A olericultura está crescendo como uma opção aos pequenos citricultores do município de Limeira. Tanto se prega que o pequeno produtor deve optar por novas culturas ou diversificar, que muitos estão apostando. O que poderia ser considerado um potencial econômico para a agricultura do município poderá vir a ser uma grande frustração.  Marcos Souto Urso, engenheiro agrônomo, comerciante, considera que 90% dos produtores que apostaram na olericultura não estão preparados tecnicamente. Atualmente, os produtores têm recebido a visita e apresentação de vendedores ávidos por comercializar produtos, tornando a relação tendenciosa, ou seja, o Estado (seja através da Cati) e município através da secretaria de Agricultura e Abastecimento não atuam, o produtor se torna vulnerável economicamente.

JPR: A olericultura é uma boa opção para os pequenos citricultores?
Marcos Urso: A olericultura é muito mais complexa do que a monocultura da laranja. O manejo da cultura é menor em área. Por exemplo, tem produtor produzindo hortaliças com dificuldades numa área de 500 m² o que não acontecia numa área de 30 alqueires de laranja, acontece que as hortaliças, o nível de cuidados com as doenças é muito maior, os cuidados teriam que ser triplicados.
 Com a laranja o produtor faz aplicação de acaricida uma vez por mês, na horta é necessário aplicar três vezes na semana. Eu percebo que eles (produtores) estão perdidos. A monocultura da laranja foi muito bom economicamente para o pequeno produtor comparado a outras culturas que exigiam grandes áreas como a pecuária, cana de açúcar. O bom rendimento da laranja no passado deixou o produtor acomodado para acompanhar o mercado, planejar a produção. É preciso conhecimento para obter sucesso na comercialização.

JPR: Por que o produtor não enxerga os riscos?
Urso: Quando o produtor faz a retirada do pomar e arrisca plantar abóboras porque já plantava no pomar e tinha bom resultado sem ataque de pragas, o plantio de abóboras sem planejamento e manejo adequado leva a perda total do plantio pelo ataque de pragas. O produtor tinha a impressão de que era fácil plantar abóboras porque as pragas "enxergavam" somente o pomar. Conheço um produtor que plantou abóboras na área total da retirada do pomar e a mosca branca acabou com tudo.

JPR: O produtor está precisando de apoio técnico?
Urso: Tinha-se a impressão de que seria fácil. É muito mais complexo que a laranja do ponto de vista comercial. É preciso orientar e assistir os produtores rurais, a Cati , Secretaria da Agricultura  e Sindicato Rural Patronal, Senar, deve e pode fazer esse papel para alavancar esse potencial que é a olericultura para o município de Limeira . Esse é o papel do Estado e do Município.
Cada produtor tem uma receita. Conheço casos de que o alface estar com 20 dias e o produtor aplicar minercal. O alface quando está pequeno mesmo que jogue um defensivo o volume de cauda é muito menor, o produtor gastaria muito menos e é o momento que a planta está mais suscetível. Depois que a planta atingiu o desenvolvimento, a água bate no defensivo, corre por fora e não protege a planta. O produtor joga muito mais água, muito mais defensivo à toa, desperdiça dinheiro. O produtor é uma empresa que não têm retorno financeiro.

JPR: Na ausência do Estado e Município, a quem o produtor está recorrendo?
Urso: Os produtores de hortaliças têm recebido a visita de vendedores que ficaram marginalizados pela crise da laranja, comerciantes oferecendo soluções milagrosas, mal intencionados.  Produtores do bairro do Pinhal têm organizado palestras com representantes comerciais sem credibilidade no mercado. Uma das palestras que eu assisti, não fiquei até o final porque não valia a pena. A palestra era altamente tendenciosa. A situação comparava uma bamectina que não combate a lagarta com lagarticida. O palestrante comparava lagarticida com bamectina que é acaricida. Não comparava o produto dele a outro lagarticida. Os produtores não perceberam que abriram espaço para uma palestra tendenciosa.
Os vendedores têm metas a cumprir. Quando o vendedor compara lagarticida com acaricida está tentando vender, somente. Já falei para a família que organiza essas palestras escolherem melhor os parceiros. A empresa é boa, o produto também. Mas, não é essa a forma de apresentar produtos num momento de transição de cultura. Os horticultores antigos não estão aptos a esse tipo de material. As palestras são finalizadas com churrasco, uma festa.

[Matéria publicada originalmente na edição 126 do Jornal Pires Rural, 20/03/2013 - www.dospires.com.br]

Marcos Souto Urso, engenheiro agrônomo


Capa da edição 126 - Jornal Pires Rural

terça-feira, 25 de junho de 2013

Bairro dos Pires recebe ensaio para o orçamento participativo

Comunidade do bairro dos Pires

Foi anunciado na última semana de fevereiro um encontro entre secretários de governo Hadich com a comunidade do Bairro dos Pires. A reunião aconteceria na capela Santo Antonio nos Pires de baixo. Esse encontro, foi o primeiro do novo governo a ser realizado na área rural. O objetivo do encontro foi apresentar a comunidade os secretários de governo, os trabalhos desenvolvidos e preparar a população para o orçamento participativo. Para isso estiveram presentes pessoas ligadas as pastas de maiores urgências as solicitações da população na Prefeitura, no caso dos Pires a necessidade imediata foi transporte, saúde, meio ambiente e segurança.
Pronunciou no encontro, João Geraldo Lopes Gonçalves, assessor de gabinete, Andrea Soares, secretária de transportes, André Moises da guarda civil municipal, Tiago Valentin Georgette, da secretaria de meio ambiente, o vereador Dinho (PSB) e o capitão Ikeda da Polícia Militar. A ONG Viva Pires e o Jornal Pires Rural estiveram presentes, bem como uma pequena parte de moradores do Pires de baixo além de alguns outros representantes do poder público. O fechamento da reunião se deu com a promessa de novos encontros e encaminhamentos das solicitações enfatizadas pela comunidade.

Segundo João Geraldo Lopes Gonçalves, assessor de gabinete do prefeito Paulo Hadich (PSB), disse que esse tipo de encontro “está no programa de governo do prefeito tratar a questão da participação popular, que se dará de forma efetiva. Hadich recomendou as secretarias que façam uma leitura de como está os bairros, levantando as demandas para cada secretaria fazer o seu planejamento. É também um ensaio para o orçamento participativo, outra forma de participação popular. Esse é o objetivo; levantar as demandas, se apresentar a comunidade, conversar sobre a participação popular e preparar os mecanismos para o orçamento participativo que se estende a zona rural. Essa região onde estamos receberá reuniões a partir de março, para saber da população quais são as prioridades para o orçamento de 2014 da prefeitura de Limeira”, salientou João Geraldo.

Ouvimos as pessoas da comunidade que estavam presentes ao encontro, alguns não quiseram se identificar, mas a grande parte estava confiante no novo governo e satisfeita por poder conhecer os funcionários públicos que podem interferir diretamente na vida de cada um dos presentes. De acordo com o Sr. Salviano, “Moro há 10 anos aqui, gosto daqui e não quero sair. Peço as autoridades ver o lado nosso. A esperança é que possa vir mais ônibus, nos horários certos, que arrumem bem as estradas que estão sempre ruins. Precisamos de uma segurança mais adequada para o pessoal do bairro, para não se sentir acuado. Percebi que nesse governo o prefeito vem demonstrando trabalho e estou apostando nele”, comentou o morador.

Andrea Soares, secretária de transportes de Limeira abordou que é responsável por trânsito, frota de carros da prefeitura e o transporte público. Segundo ela “o transporte é o que está ‘menos ruim’ dentro da secretaria. Estou tentando socorrer o que é mais urgente”. Apontou que a sua equipe é muito reduzida e sua missão é reestruturar toda secretaria, além de traçar o plano de mobilidade urbana para a cidade. Respondendo as perguntas sobre a deficiência do transporte público para o bairro, Andrea destacou que fará uma reformulação na cidade inteira. “Eu tenho reclamação de todos os pontos da cidade, não é uma exclusividade do bairro dos Pires. Todas as linhas serão revistas e mudadas, só que isso não será de um dia para outro. Por falta de fiscalização aconteciam os atrasos e corte de itinerários dos ônibus, vamos fiscalizar a partir de agora. Essa reunião é muito importante pra saber das necessidades de vocês”.

Outro morador ouvido foi José Domingues, que viu nesse encontro uma luz nas respostas das autoridades frente aos problemas do bairro, “precisamos das obras públicas para constante manutenção das estradas e patrulhamento para dar mais segurança a nossa gente. O importante dessa reunião é o contato com as autoridades, eles se mostrarem se comprometerem mais. Podemos até não conseguir aquilo que procuramos, mas pelo menos temos uma resposta e sabemos o porquê não estão fazendo, se por um acaso não fizerem. A conversa é boa porque eles expõem as dificuldades deles e nós colocamos as nossas”, concluiu.


O representante da Guarda Civil Municipal, André Moises, falou aquilo que o Jornal Pires Rural já tinha abordado na edição anterior, nº 124. O Pelotão Rural da Guarda Civil Municipal tem uma viatura, e outra que chegou do conserto, portanto duas saveiros para cobrir os 800 km de estradas rurais de Limeira e que aguarda a contratação do serviço de aluguel de carros, por parte da Prefeitura, para que venham mais veículos e “a população veja mais a atuação da guarda”.

Tenente Ikeda da Polícia Militar iniciou dizendo que é o responsável pela 5ª Cia da PM que atende o bairro dos Pires com a viatura da Patrulha Rural. Há poucos dias no comando, o Tenente disse já ter modificado o itinerário do Patrulhamento Rural durante a semana, para atender a demanda da população. Segundo o Tenente “esse novo itinerário muda consideravelmente o atendimento a população da área rural” e que as demandas da população podem ser encaminhas mensalmente as reuniões do Conselho de Segurança, sendo a próxima reunião na sede da CIESP dia 22 de março. Ikeda salientou a importância de registrar o boletim de ocorrência (B.O.) na base da Polícia Militar para que no planejamento da Patrulha sejam focados lugares onde estão ocorrendo os delitos e inibi-los. Juntamente com a reorganização do Patrulhamento, foi reiterado que os moradores da área rural podem fazer ligações para o celular Nextel, que fica em posse dos policiais que estão no carro do Patrulhamento Rural, para atendimento exclusivo da área rural, facilitando a comunicação rápida com a Polícia, o número do telefone é 7811-6377, esse telefone não recebe ligações a cobrar.

Para outro morador tudo o que foi falado ele já ouviu em outras reuniões que aconteceram pelo bairro, acha importante o que estava acontecendo, mas está sempre repetindo os temas e nunca é tomando providências. “Um exemplo é que há mais de 10 anos ouço falar dos condomínios de chácaras que vão parar, não vai sair mais e isso nunca acontece. Hoje são apenas mais promessas. Que Deus os ajude a resolver, mas não vai resolver”, comentou Valdecir Pereira.

Tiago Valentin Georgette, da secretaria de meio ambiente, disse que nessa nova gestão pretendem mudar o foco da pasta, “queremos transformar a identidade da secretaria para abordar a questão da educação ambiental, ajudar a mudar a sociedade e pensar porque geramos resíduos, sabendo que nossas condições são finitas. Não queremos apenas prestar serviços como poda de árvores e recolhimento de lixo para a população”. Falando sobre chácaras de recreio Tiago destacou que “Existe um grande trabalho sendo feito pelas secretarias de planejamento, meio ambiente, segurança, transporte e agricultura para tentar frear o aumento das chácaras de recreio. Conclamamos todos vocês que sejam vigilantes nesse aspecto. Quando tiver um recorte de uma propriedade para criação de chácara de recreio avisem a Prefeitura. Porque novas chácaras podem trazer mais problemas para vocês como maior volume de lixo, de festas, de carros, aumento da violência, invasão de propriedades para levar as laranjas cultivadas. Isso é um trabalho que a Prefeitura tem que fazer junto com a comunidade. É um pedido, vamos nos unir”, orientou o diretor da pasta de meio ambiente.

Para a senhora Delci Alves disse que ficou sem resposta como a liberação de documentos para das chácaras. “O pessoal do meio ambiente não deixou muito claro se realmente vai ser liberada a documentação das nossas chácaras. Vai ser preciso fazer outra reunião. Espero que Sr. prefeito libere os documentos”, declarou

Maria Aparecida de Oliveira há 8 anos nos Pires, conseguiu comprar sua chácara para poder morar com a família, disse que seu poder aquisitivo não daria condições de comprar uma casa na área urbana, por isso optou pela área rural. Sobre o encontro falou que “foi interessante, trataram da segurança e da regularização dos condomínios de chácaras, e sobre barrar os condomínios, por que não pode ser feito mais. Estou com esperança nesse governo, acredito agora que vai desenrolar, foi um bom começo. Mas vamos cobrar”, observou.

Outra senhora que não quis se identificar expressou seu desapontamento por não aparecer ninguém da secretaria de planejamento. “O planejamento ficou faltando e há um grande problema aqui. Eles englobam tudo em chácara de recreio e no meu caso não é. Precisamos de apenas uma assinatura da Prefeitura para poder separar a água e a força. Faz quatro anos que vou à Prefeitura, e nada. Já conheço a Prefeitura inteira. Moro em um sítio que ficou de herança e foram construídas novas casas e eles não liberam água e força separadas. Temos apenas um relógio e eu trabalho com costura em casa, dividimos a conta, mas sempre fica a impressão que sou eu quem dá prejuízo aos demais. Eu não comprei, eu não dividi, eu não parcelei terra, nós não estamos irregulares. Temos os documentos que provam isso. Ninguém nos ouve na Prefeitura, manda os estagiários nos atender e eles só informam que foi negado”, lamentou a moradora.

Também mantendo sua identidade em sigilo uma moradora declarou a nossa reportagem que teve uma falha primordial na reunião, segundo ela “faltou filmar esse encontro. Porque a maneira que foi conduzida essa reunião se fosse filmado seria muito mais fácil de relembrar o que foi dito. O povo tem memória curta, esquece rápido das coisas, se não tem um objetivo na condução da reunião tudo acaba em ‘pizza’. Tinham que ter filmado tudo!”, destacou e sobre os assuntos abordados a moradora acho tudo muito superficial, “problema todo mundo sabe que tinha que o primeiro ano vai ser só pra organizar a casa, a gente sabe disso. Por tudo que foi falado não achei nada esclarecedor. Foi só mais uma reunião num domingo de manhã”, revelou a jovem.

Para Diná Fischer, moradora do bairro e que ficou sabendo da reunião através de convite enviado para as igrejas Luteranas, disse que “esperava mais da reunião”, entende que administração atual está no inicio de governo, mas “choveu no molhado, porque se todas as secretarias estão em reestruturação, como foi falado, parece que não dá pra fazer nada, por enquanto. Foi essa impressão que tive, penso que foi precipitação”, salientou. Sobre os assuntos de mais urgência que ela vê no nosso bairro, Diná apontou a questão de segurança e o descarte de lixo. “Gostaria que a coleta de lixo se estendesse pelos Pires de baixo, porque os descartes estão se concentrando ali. Acho que deveria ter pontos de descarte e o caminhão de coleta passar pelo menos 3 vezes na semana. É um momento para todos se unirem enquanto bairro, enquanto associação, enquanto condomínios deixar as diferenças de lado e aprender a conviver uns com os outros, para trazer o que é melhor para o bairro. Não adianta se lamentar dos problemas. E sobre as chácaras de recreio temos que segurar não deixar acontecer mais, cair em cima para evitar mais chácaras. As que existem tentar melhorar e fazer um trabalho em prol do bairro e a Prefeitura não pode virar as costas, ou ela legaliza as chácaras ou faz o que tem ser feito e não jogar a responsabilidade no colo de outros”, pontuou.

Membros do governo do prefeito de Limeira Paulo Hadich.


Capa da edição 125 do Jornal Pires Rural


[Matéria publicada originalmente na edição 125 do Jornal Pires Rural, 06/03/2013 - www.dospires.com.br]

Ela prefere a roça à cozinha


Rosiléia Kühl (foto) é produtora rural, mãe de duas filhas, administra a propriedade de 5 alqueires sozinha. Até aí vamos e convenhamos dar conta da família, propriedade, cultivar, comercializar, para quem já está acostumada a ouvir histórias de mulheres empreendedoras, é sabido que elas tiram de letra, não tem muito a revelar. Quando mulheres como Rosiléia precisam ir até o mecânico para cuidar do defeito do trator, atendida por homens, a pergunta antes de conhecê-la é: "Mas quem lhe disse que o trator está com esse tipo de problema? Seu pai? Seu marido?". Ela afirma: "Eu, digo".
Ainda é inconcebível para o meio masculino que uma mulher possa indicar para um homem qual defeito mecânico tem o trator. "Hoje em dia o mecânico me ouve", afirma. Ainda que não se trate de uma superação neste caso porque Rosiléia é cliente da mecânica há algum tempo, então, foi razoável atender bem uma cliente que sabe do que está falando.
Rosiléia conta que desde a adolescência gostava muito mais de ajudar o pai na roça do que ficar com a mãe na cozinha. O pai ressabiado não levava a sério tamanho interesse da filha. "Quando o pai não tinha com quem contar, me chamava para ajudá-lo, aí eu dirigia o trator com o reconhecimento do pai", conta Rosiléia.
Há sete anos, o irmão recebeu uma encomenda da comunidade do Jardim Santo André, para plantar 250 dúzias de milho para a Festa do Milho. O freguês aprovou e as encomendas foram aumentando. Neste mês acabaram de entregaram 1300 dúzias de milho para festa desse ano.
A discriminação é um comportamento comum no meio masculino. Recentemente precisou chamar a atenção do vizinho quanto ao limite de divisão entre as propriedades. Não foi ouvida, tampouco creditada. Foi necessária a presença do seu pai para que os vizinhos respeitassem o limite de divisão. Questionada se uma atitude dessas a aborrece, ela responde: "Não. Nem um pouco. Se eles (homens) se incomodam comigo é porque se sentem ‘ameaçados’", afirma com bom humor.       





[Matéria publicada originalmente na edição 125 do Jornal Pires Rural, 06/03/2013 - www.dospires.com.br]


Caixa da laranja atinge R$25,00, em São Paulo




A coluna Citricultura Paulista volta abordando o panorama citrícola de nossa região através do aspecto do agricultor. Como ele encara esse agronegócio, tão importante para o PIB estadual e federal? Iniciamos nossa matéria conversando com dois irmão, citricultores e revendedores de frutas para o mercado, inclusive com box no Ceasa de São José dos Campos, estamos falando de Mauro e Alexandre Tetzner, saiba os assuntos abordados:

Laranja preço bom
Segundo Alexandre “o preço na entressafra da laranja de mesa está bom, variando entre R$10 e R$13 a caixa de 40 kg, o que estão reclamando é o preço da laranja de fábrica, segundo falam recebem R$6 a caixa de 40kg entregue na porta das fábricas de suco”.

Novos Pomares
Os produtores desanimaram com os preços pagos pala safra da laranja do ano passado e abandonaram os pomares, provocando falta da fruta. Verificamos que os donos de packing house (conhecido como barracões) estão pensando em plantar novos pomares para suprir a própria demanda. Alexandre Tetzner confirma o por que: “Estamos procurando a qualidade da laranja Pêra Rio ‘temporona’ e estamos pagando R$18 a caixa na roça e não tem. É preciso ir até Jales, 600 km daqui, para encontrar o produto.
Hoje a lógica do mercado de packin house que tende a crescer cada vez mais é investir no plantio, porque não tem parceria entre o citricultor e o barracão. Hoje as grandes fazendas de laranjas vão pra frente porque tem parceria com o barracão. Posso citar vários exemplos disso. A parceria funciona na conversa que o produtor tem com determinado barracão que necessita de determinada qualidade de fruta. Não existe contrato, mas também pergunte a produtores se eles tiveram perdas cultivando seus pomares pensando em vender as frutas para mesa? Eles é que vão dizer se dá dinheiro ou não. Esses produtores estão plantando cada vez mais em áreas próprias para laranja. É essa visão de parceria que falta a muitos citricultores”.


Queda de produção
Mauro Tetzner participa na conversa dizendo: “Hoje a laranja precoce como Charmute ou natal que está segurando o preço na entressafra, se não tivesse essa fruta o preço já tinha disparado. A previsão de queda da produção para a entressafra em 2014 é de 35% a mais que esse ano. No trato dos pomares de laranja de mesa é necessário pulverização a cada quinze dias enquanto que pomares de frutas para a indústria são pulverizados uma vez ao mês. O custo de produção, para uma mercadoria que sai nessa época é maior, porém o lucro também é maior na entressafra”, completa.


Falta de produtos
Os irmão Tetzner são categóricos na hora de falar em qualidade e produção de citros, dizem que a falta de qualidade era um problema que foi agravado com a queda na produção; “A tangerina Polkãn não existe mais na nossa região, esta em falta. A ajuda por parte das indústrias de suco a quatro anos atrás pagando preços elevados e exigindo pouco trato aos pomares fez o citricultor optar pela indústria que agora paga pouco pelas frutas. Se ele quiser voltar para o mercado e oferecer laranjas com qualidade de mesa, ele terá um custo muito alto, vai ter que adubar melhor, e cuidar por uns dois a três anos para ter uma safra boa de qualidade. Esta certo que não é só o preço que desanimou os produtores, existe também a ameaça das pragas e doenças como o Greening. Acho que o governo paulista deveria ajudar a desenvolver pesquisas em prol do citricultor” citaram.

Poder de compra

Alexandre conclui dizendo o ponto de vista do consumidor; “Pelo poder aquisitivo dos trabalhadores de uma forma geral ter aumentando, quando vão as compras esse consumidor exige qualidade, não vai querer comprar uma fruta furada, o consumidor quer uma fruta limpinha de casca e quando abrir quer que esteja bonita por dentro e doce, o mercado está exigente, portanto quem manda no barracão é o cliente”. Perguntamos se os produtores estão cientes desses dados? Alexandre respondeu, que “muitos não se atentaram a isso. Apenas aqueles que estão acompanhando a tecnologia. Na época de meu pai era possível comprar a safra antecipada de 3 a 4 meses, hoje não posso fazer isso porque não sei se a laranja estará boa no futuro, nossa compra é diária. Temos relato que no último final de semana de fevereiro o preço da caixa da laranja Pêra Rio ficou entre R$25 a R$30 para venda ao mercado na cidade de São Paulo. Muitas vezes o produtor não acompanha a tecnologia e nem o mercado. Quando falam que o preço da laranja está ruim, está para quem produz para a indústria, vender no mercado interno, para mesa, o preço só vem aumentando ano a ano”.  

Os irmão Tetzner


[Matéria publicada originalmente na edição 125 do Jornal Pires Rural, 06/03/2013 - www.dospires.com.br]




"Estamos com estrutura (secretaria) de uma década atrás. Fazendo gestão ambiental", afirma Pe. Alquermes

Padre Alquermes, secretário do Meio Ambiente, primeiro a esquerda.

Os assuntos discutidos no Conselho de Segurança Conseg nem sempre são reconhecidos como caso de polícia. Na última reunião 01/03, na Unicamp, os assuntos em destaque envolvia muito mais conscientização de direitos e deveres. A Unicamp trouxe a queixa de que calouros desconhecem a realidade do município, desconhecem o título que a cidade recebeu de capital da semi jóia, ainda reconhecem Limeira como capital da laranja. Com poucas informações, os jovens que por aqui chegam logo promovem festas, sinalizando o local para crimes de oportunidades. O período de fevereiro a maio é marcado pelo maior  nº de ocorrências envolvendo furtos nas residências dos estudantes.
O bairro Boa Vista trouxe a preocupação com pedestres que praticam esportes nas imediações do Limeirão, cobrando melhor sinalização. Segundo Claudio Zalaf, presidente do Conseg, as imediações do Limeirão não foi planejada para prática de esportes. "Quem quiser caminhar, vá até o SESI", orienta.
O Cotil pediu a intervenção da polícia nas festas de adolescentes organizadas pelas redes sociais, embriaguez dos mesmos, com intervenção antes da festa acontecer mesmo com o sigilo das redes sociais. Segundo Tenente Ikeda, da Polícia Militar, o problema de álcool e drogas deve ser prevenido em casa, na conversa entre pais e filhos. "Hoje em dia os pais tem muitas dificuldades de conversar com os filhos, às vezes até por não ter muito tempo, mas é extremamente necessário que a família converse sobre o tema, saiba com quem os filhos estão andando", orienta.
A 5ª Cia da Polícia Militar está fazendo um apelo à população para reformar o espaço físico. "Estamos precisando do apoio da comunidade porque o Estado vai demorar em média mais um ano para nos atender", afirma o Capitão.
Já Padre Alquermes, secretário do Meio Ambiente desabafa sobre a realidade que encontrou na secretaria. "Estamos com estrutura de uma década atrás, engessados pelos meios que encontramos há 2 meses. Estamos "enxugando gelo", fazendo gestão ambiental, tirando lixo dos ecopontos que a população transformou em lixões", afirma. 

[Matéria publicada originalmente na edição 125 do Jornal Pires Rural, 06/03/2013 - www.dospires.com.br]         


Capa da edição 125 do Jornal Pires Rural

Ora-pro-nóbis ( Pereskia aculeata )



Segundo a tradição popular, o nome ora-pro-nóbis  teria sido dado por pessoas que roubavam a planta do quintal de uma igreja enquanto o padre rezava em latim.  Durante as orações, ele dizia: ora-pro-nóbis . A palavra em latim quer dizer “rogai por nós”.
Essa planta pode ser usada como cerca viva, arbusto, ornamentação e alimento. Ideal para cobrir cercas possui muitos espinhos que inibem os invasores. As flores são brancas e muito ornamentais e suas folhas são ricas em ferro e proteína usada na alimentação em diferentes receitas como omeletes, tortas e refogados. Por ser rica em ferro as folhas ajudam a curar anemias.
É uma trepadeira pouco exigente, rústica e que se desenvolvendo bem à sombra e também a pleno sol.

Festival em Sabará
Na cidade de Sabará (MG), existe o Festival do Ora-pro-nóbis, que há mais de 15 anos divulga a utilização desta planta em dezenas de  pratos culinários, sendo um dos mais conhecidos o ‘Frango com Ora-pro-nóbis’.
Durante o mês de maio, o Festival do Ora-Pro-Nóbis, reúne milhares de turistas em Sabará, principalmente no bairro Pompéu, onde nasceu e mantém sua raiz. Com diversas atrações culturais, durante dois fins de semana, acontece um dos mais importantes eventos gastronômicos de Minas Gerais. Participar do Festival do Ora-Pro-Nóbis é conhecer o que há de diferente na cozinha.É passar pela cozinha do fogão à lenha até chegar à gastronomia elitizada.

[Matéria publicada originalmente na edição 125 do Jornal Pires Rural, 06/03/2013 - www.dospires.com.br]

Capa da edição 125 do Jornal Pires Rural

Flores da ora-pro-nóbis



segunda-feira, 24 de junho de 2013

Renda extra com o milho pode gerar dívida

A cultura do milho, em nossa região, toma espaço de pequenas áreas na época das chuvas. É bem vinda para garantir uma renda a mais para o agricultor e ao mesmo tempo é um lance do jogo de xadrez que o produtor tem que fazer para continuar rentável sua propriedade. O agrônomo José Fernando Martins Borges, especialista em genética vegetal, desenvolveu sua própria variedade de milho, e com isso o agricultor tem outras opções de sementes para escolher na hora do plantio, ao invés de ficar nas mãos de grandes corporações agroindustriais que na maioria das vezes são empresas internacionais. Há de suspeitar que essas empresas possam abastecer o mercado brasileiro com experiências já obsoletas ou mesmo sucateadas em seus países de origem.
Na entrevista que fizemos com o pesquisador José Fernando, ele abordou um pouco sobre seu trabalho contínuo de pesquisa, a parceira que tem com institutos de pesquisa e principalmente com o agricultor, falou também sua avaliação ante o mercado de milho local, dizendo que o milho é um cultura apenas sazonal em nossa região, onde ocupa pequenos espaço nas propriedades tendo um plano secundário para o produtor. Leia a seguir trechos da entrevista;

JPR: Em relação aos preços da safra 2011/20, qual foi a média da saca pra nossa região?
José Fernando Os preços variaram pouco, ficou entre R$18,00 a R$22,00 a saca para quem trabalha na lavoura e pra quem armazena já teve preço mais alto. Acredito que para a safra 2012/2013 possa melhorar, mas vai continuar abaixo das expectativas. O interessante seria que ficasse em R$30,00 que estão pagando agora porque não tem milho, a colheita ainda não começou. Devido a chuva aparecer um pouco atrasada o plantio do milho veio tarde, porém isso não vai afetar a produção, pois o clima esta muito bom e a produção vai ser normal.

JPR:Em relação ao volume de produção da nossa região?
José Fernando A safra foi boa na colheita passada e tenho certeza que esse clima e as chuvas constantes ajudarão numa excelente colheita esse ano também.

JPR:Houve alguma interferência na safra do milho no ano passado?
José Fernando O ano passado teve uma seca forte no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, mas esse ano está normal eles terão uma safra muito boa. E para nós o ano passado na colheita do milho tarde a carga de chuva foi grande, atrapalhou um pouco a colheita, porém teve uma produção excelente.

JPR:Você citou que o preço de R$30,00 seria bom, mas o mercado reclama que esse valor é alto?
José Fernando Não é um preço alto. O pessoal de aves e suínos reclama desse valor porque eles vendem muito barato seus produtos. No geral os preços dos produtos agrícolas estão baixos, precisava ter um preço melhor para o produtor.

JPR:De quem é a culpa por esses preços tão baixos?
José Fernando A culpa é de todos. Existe uma pressão do governo no interesse de manter a inflação baixa e ter comida barata. Por outro lado, o agricultor não valoriza seu produto, na hora da venda parece que ele quer se livrar da sua produção. Ele não estipula o quanto quer ganhar, ele pergunta: quanto vão me dar? Sem planejamento fica refém dessa situação. As grandes empresas de insumos têm uma participação grande nessa questão, quando financiam a produção, de certos agricultores, para que possam pagar na colheita. Só que depois da colheita o preço do produto é estipulado pelas empresas que financiaram a lavoura, o produtor nem abre a boca. Isso acontece principalmente no plantio de sementes transgênicas quem vem no pacote juntamente com o adubo e os defensivos. O agricultor vira um empregado de empresas multinacionais.

JPR: Por qual razão o agricultor deixa-se levar por uma situação dessas?
José Fernando A descapitalização. O acumulo de dívidas e sem dinheiro para plantar, as empresas oferecem o “pacote”, ele aceita, talvez ache que será uma saída para ter renda. Isso aumenta a produção e na hora da colheita o preço cai lá embaixo. O interesse das empresas é esse quem tenha bastante produção e preço baixo.

JPR:As sementes transgênicas colaboraram para essa situação e essas práticas também acontecem em nossa região?
José Fernando Sim, tanto um quanto o outro. As cooperativas são como agentes dessas empresas, que abastecem de sementes transgênicas, adubos e fertilizantes as cooperativas e essas trazem os agricultores. No meu caso eu não faço dessa forma. Prefiro fazer com dinheiro próprio o que é possível, e se não for não faço, pra não ficar empenhado com esses financiamentos, pois gera um contrato bem feroz, com hipoteca das terras, das máquinas, todo ano fica hipotecado e se a produção falhar tem que pagar do mesmo jeito.

JPR:Você acredita que o produtor brasileiro não está preparado para questionar e exigir mais garantias e melhor renda?
José Fernando É a força dessas empresas multinacionais aqui é muito grande, por isso não existe essa discussão, diferente do que acontece no Chile e na Europa onde o produtor briga mais na busca por seus direitos. No Chile os produtores são melhores remunerados por seus produtos. Esse negocio de vender mais barato que o custo de produção não existe por lá, como aconteceu com a laranja aqui, vender menor que o custo de produção só acontece no Brasil.

JPR:Fazer financiamento é arrumar uma bola de neve para o produtor?
José Fernando Pelo que tenho visto sim, pois ele agrava mais os preços baixos pago aos produtores. O governo do Estado lançou esses programas de financiamentos para tratores, plantadeiras e equipamentos. O que acontece, o produtor toma emprestado, daí tem que sair plantando adoidado, para poder pagar o financiamento, ele planta, produz, começa a entupir o mercado de produtos e o preço cai aí ele tem que trabalhar mais ainda. E muitos não conseguem pagar, por mais carência e juro zero que tenha. O fim disso será o pequeno vender a propriedade para o médio que vende para o grande, quando não cai na mão de especuladores para virar chácaras clandestinas.

JPR:Voltando na questão do milho, a remoção de pomares de laranjas, tem deixado terras ociosas, devido o produtor não ter certeza que uso dará a elas. É possível, nestas terras, plantar milho o ano inteiro?
José Fernando É possível o plantio durante o ano inteiro somente com irrigação, e no caso para milho verde, que tem melhor preço de mercado. A irrigação para o milho grão não é economicamente viável, a venda do grão não paga a irrigação. Mas na época das chuvas, é uma boa alternativa o plantio de milho nestas terras, para não ficar sem nada, enquanto eles decidem o que fazer. É interessante plantar milho, pois tem diversos usos como milho verde para consumo na culinária, para criação de galinhas e outros animais, tem a silagem e a venda do grão como renda. Mas é bom sempre considerar os custos para evitar gastar muito e não recuperar o dinheiro gasto.

[Matéria publicada originalmente na edição 124 do Jornal Pires Rural, 21/02/2013 - www.dospires.com.br]

 O agrônomo José Fernando Martins Borges





Logo

Logo
Há 13 anos revelando a agricultura familiar