Jornal Pires Rural - Há 13 anos revelando a agricultura familiar

domingo, 5 de junho de 2016

Visitando a Ong Viva Pires:




Visitando a Ong Viva Pires:
Alunos do Sesi 149 estiveram visitando a Ong Viva Pires, 
na semana em que se comemora o meio ambiente. 
Lá eles puderam participar do projeto de educação ambiental, 
da oficina de compostagem, com foco na  importância
do reaproveitamento dos resíduos além, 
de uma visita a mata ciliar do ribeirão dos Pires para entendimento 
da importância das interações ecológicas. Saíram de lá todos alegre 
por mais essa experiência eco-prática.


Matéria publicada originalmente na edição 76 Jornal Pires Rural, 15/07/2009-www.dospires.com.br]
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos. Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…

A EDUCAÇÃO NA ZONA RURAL E A AGRICULTURA:




No Brasil, as Constituições até 1891 não contemplavam a educação da zona rural. Este tema só foi tratado a partir de 1934, isto porque o Brasil foi considerado um país de origem eminentemente agrária. Evidencia-se aí o descaso dos dirigentes com a educação do campo.
A taxa de escolaridade da juventude urbana ainda é 50% maior do que a da rural. Hoje, no Brasil, dos jovens que vivem no campo, a taxa de analfabetismo entre 15 e 29 anos chega a 9%. A maioria deles é homem e possui renda per capta abaixo de meio salário mínimo. Na cidade, o índice de analfabetos nessa faixa etária é bem menor: 2%. A diferença também está no tempo que esses jovens passam na escola. Enquanto na cidade homens e mulheres estudam, em média, 8,7 anos, no campo esse tempo cai para 6 anos.
Se a situação do ensino da zona rural melhorou nos últimos dez anos, mesmo assim, ainda não é a mais adequada. Muitos estudantes do ensino médio ainda precisam se deslocar até a cidade para assistir às aulas, fator que não só tem desestimulado os jovens como contribuído para o êxodo rural. A escola no meio urbano certamente não está preparada para este aluno; vai ter conteúdo voltado para a situação da cidade e não do campo.
Mas não são apenas as poucas escolas na zona rural que limitam o acesso dos jovens do campo à educação. Transportes precários e falta de infra-estrutura também dificultam a vida de quem quer aprender.
É preciso que se preserve os saberes do campo, que são fundamentais para que a própria família entenda e veja naquilo, naquela estrutura escolar, uma coisa poderosa para ajudar na sua vida.
Temos enormes potencialidades produtivas, tanto na agricultura como na pecuária; se soubéssemos explorá-las racionalmente, elas nos permitiriam gerar as riquezas que tanto necessitamos para reduzir a  pobreza  rural e também para solucionar  vários dos  nossos grandes problemas nacionais.
Dispomos de tecnologias e experiências bem-sucedidas que são necessários para fazer uma muito eficiente produção, transformação e comercialização de produtos agropecuários. Infelizmente tais conhecimentos estão sendo adotados apenas por uma minoria de produtores rurais mais eficientes. Tal exclusão é solucionável porque muitas das mencionadas tecnologias e experiências são de baixo custo e fácil adoção; e graças a essas características, poderiam e deveriam estar beneficiando todos os produtores rurais do país. Temos à nossa disposição quase todos os requisitos necessários para fazer uma agricultura que, ao ser muito mais eficiente e mais produtiva, poderia gerar as riquezas que tanto necessitamos. Mas a maioria dos nossos agricultores não possui as competências necessárias para corrigir as suas próprias ineficiências produtivas, gerenciais e comerciais, pois lhes faltam conhecimentos, habilidades, atitudes e até valores orientados ao empreendedorismo e ao autodesenvolvimento. E é principalmente por esta razão que muitos deles são tão dependentes do paternalismo estatal porque os conhecimentos que os seus pais lhes transmitiram já estão desatualizados e são insuficientes para que eles possam sobreviver economicamente na agricultura moderna e globalizada; porque as escolas fundamentais rurais, que normalmente são a única oportunidade de aprender algo útil para a vida e o trabalho no campo, ensinam às crianças muitos conteúdos irrelevantes que em pouco ou nada contribuem a que eles se tornem produtores, administradores das suas propriedades e comercializadores das suas colheitas; porque os serviços estatais de extensão rural estão contaminados pelas interferências político-partidárias, burocratizados e excessivamente centralizados; porque, com poucas exceções de louváveis iniciativas inovadoras, as faculdades de ciências agrárias estão excessivamente urbanizadas e desconectadas da realidade concreta dos produtores rurais e dos potenciais empregadores dos seus egressos, com uma formação divorciada das necessidades dos agricultores e dos empregadores. O desemprego nesta área existe não necessariamente porque a demanda é insuficiente e sim porque a oferta das faculdades é inadequada às reais necessidades dos demandantes do mundo moderno.
Corrigir as distorções e ineficiências deve ser a grande prioridade. Enquanto não introduzirmos as modificações necessárias no nosso sistema de educação rural, todos os grandes projetos de combate à pobreza rural continuarão fracassando e os gigantescos recursos neles aplicados continuarão sendo desperdiçados, pela razão de que os afetados pela pobreza rural não podem solucionar os seus problemas muitíssimo mais devido à inadequação e insuficiência de seus conhecimentos que à suposta insuficiência dos seus recursos materiais e financeiros.


Matéria publicada originalmente na edição 76 Jornal Pires Rural, 15/07/2009-www.dospires.com.br]
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos. Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…

Citricultura Paulista:

Marcos Souto Urso

O engenheiro agrônomo Marcos Souto Urso inicia a coluna mensal “Citricultura Paulista”, que pretende traçar um panorama do atual cenário da atividade. Valendo-se da história e de experiência do cultivo de citros está coluna pretende ser mais uma ferramenta na mão do produtor rural. Dicas sobre temas, críticas ou sugestões podem ser enviadas para a redação do jornal Pires Rural, através do e-mail: jornal@dospires.com.br. Boa leitura! 



Matéria publicada originalmente na edição 76 Jornal Pires Rural, 15/07/2009-www.dospires.com.br]
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos. Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…

5° Encontro para o Desenvolvimento Rural Sustentável:

Foi realizado no dia 26 de junho, na cidade de Artur Nogueira, o 5° Encontro para o Desenvolvimento Rural Sustentável. Apoiado pela CATI – EDR Mogi-Mirim – com parceria do Grupo Gestor de Integração e Planejamento ligado à  prefeitura do município. Foram convidados mais de 700 produtores rurais que, ao longo do dia,  puderam conferir técnicas de subsolagem, curvas de níveis, amostras de solo, além da realização de debates entre os presentes, sobre temas que envolvem a agricultura. Para José Antônio Bertaglia Sobrinho que esteve presente no 3° Encontro de 2007 e que agora retorna para adquirir maior conhecimento. Ele conta “Daquela vez, foi explicado como fazer um bom terraceamento; nesse aqui, teve explicação de como retirar amostras de solo para análises. Falaram também como devemos agregar valores aos nossos produtos”. José ainda disse que participa de eventos como esse “para aprender mais e buscar uma solução” para melhorar o sustento com o trabalho do sítio.
No final do evento, divididos em grupos, os agricultores explanaram suas discussões sobre os temas abordados e apresentaram também as soluções que enxergaram para cada item (veja texto ao lado).
Também estava participando do 5° Encontro para o Desenvolvimento Rural Sustentável, o prefeito de Artur Nogueira, Marcelo Capelini, que ouviu com atenção a explanação de cada produtor rural e logo em seguida dirigiu a palavra aos presentes, dizendo como o poder publico vai trabalhar para ver a união dos produtores rurais.

 Marcelo Capelini


O prefeito Marcelo Capelini concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Pires Rural, onde falou que quer transformar a cidade de Artur Nogueira em celeiro para abastecer a região metropolitana de Campinas; leia a seguir trechos dessa entrevista;

JORNAL PIRES RURAL: Sendo o atual prefeito de uma cidade essencialmente agrícola, como o Sr. enxerga os temas discutidos aqui pelos produtores rurais?
MARCELO CAPELINI: Procuro analisar Artur Nogueira pelo contexto em que ela se encontra. Estamos localizados em um ponto onde  as cidades a nossa volta estão no mínimo a 10 km. Isso é viver numa região metropolitana, facilita a busca por peças e serviços e, também gera demanda por produtos agrícolas. Se  não fizermos a opção por ter um crescimento controlado, Artur Nogueira vai perder a parcela rural e virar tudo zona urbana. Acho que é o momento, não só em relação à Artur Nogueira, de se perguntar: o que queremos para a nossa cidade?

JORNAL PIRES RURAL: Como o Sr. trata esse tema?
MARCELO CAPELINI: Estou tentando não descaracterizar a condição rural do município. As duas vertentes, rural e urbano, existem e se completam. Quero buscar um investimento industrial de maneira estruturada, não adianta trazer uma indústria e criar uma demanda de 100 ou mil moradias sem estruturas, para depois ter que arcar com saneamento básico e qualidade de vida para as pessoas. Sai muito mais em conta, pela nossa característica agrícola, investir em mão-de-obra para esse setor do que capacitar trabalhadores para o setor industrial. O Brasil não diz querer ser o celeiro do mundo? Então, eu quero que Artur Nogueira, seja o celeiro da região metropolitana de Campinas (RMC).

JORNAL PIRES RURAL: De que forma o Sr. pretende alcançar esse objetivo?
MARCELO CAPELINI: Como eu disse agora há pouco, faço um governo pensando em 2020. E pra isso, é preciso tomar atitudes agora pensando nesse futuro. A região metropolitana de Campinas “importa” comida de outros estados. Por que não produzir alimentos de qualidade aqui em Artur Nogueira?. Temos que cuidar de nossas terras porque elas são boas para a produção de alimentos. Para isso nós precisamos que os produtores rurais percam o medo de investir, achando que irão perder a terra. Isso só acontece se for sozinho. Se for um movimento ordenado, conjunto, um protege o outro.

JORNAL PIRES RURAL: Seu governo pretende apoiar o produtor rural? De que maneira?
MARCELO CAPELINI: Vamos buscar investimentos conjuntos. Vamos buscar carteira de produção com qualidade e gestão de produção e através do governo fazer a inserção desses produtos no mercado. Se eu juntar os nogueirenses, organizações da sociedade civil, organismos públicos e elaborarmos um plano para as soluções de problemas, podemos ter um município transformado na indústria da agricultura.

JORNAL PIRES RURAL: Qual é o norte a seguir para a sustentabilidade dos produtores rurais?
MARCELO CAPELINI: É implantar em Artur Nogueira o cooperativismo da produção agrícola. Tenho certeza que se investirmos na produção agrícola vamos melhorar a geração de emprego no município. Então, a nossa condição de investir em produção de qualidade, busca de tecnologia para produção o ano todo, é  investir na união do produtor,  para a montagem de uma cooperativa para buscar grandes mercados. O importante é a união para iniciar a parceria com a prefeitura. Mas, a barreira está  no produtor, não no governo. Por enquanto, eu vejo que eles não querem se unir, querem ficar sozinhos.

JORNAL PIRES RURAL: Mas isso é viável?

MARCELO CAPELINI: Sim, é viável. Existem  muitas informações que comprovam que o associativismo, cooperativismo, ou seja, a luta conjunta é a saída para se produzir com qualidade, ganhando mais e vendendo tudo. A pessoa sozinha vai apresentar problemas e reclamar do governo. É preciso parar de reclamar do governo e participar do governo. O evento de hoje (5° Encontro para o Desenvolvimento Rural Sustentável) é uma ação do meu governo, que abre espaço para as pessoas manifestarem suas críticas. No momento que a pessoa traz a fúria do protesto, também traz a discussão do problema. Porque a solução não está  no governo, ele apenas faz a integração da sociedade. É quem gira a manivela do motor, representado pela sociedade. É o que estamos tentando fazer.


Matéria publicada originalmente na edição 76 Jornal Pires Rural, 15/07/2009-www.dospires.com.br]
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos. Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…

sábado, 21 de maio de 2016

Grupo de Artur Nogueira visita granja caipira de Limeira



Grupo de Artur Nogueira visita granja caipira de Limeira

A engenheira agrônoma responsável pela CATI de Artur Nogueira, Roseli Paes solicitou uma visita a uma granja de criação de aves no sistema caipira com o intermédio da Ong Viva Pires. Na ocasião cerca de 30 interessados estiveram presente na Ong para em seguida se dirigir ao local da granja. Chegando à propriedade de Zelinda Costa Ferreira, ela contou como é o seu procedimento no cuidado com as aves onde cria desde pintinhos até a engorda para revenda. No grupo estava presente o veterinário Dr. Alexandre Pissarra Scatena que esta fomentando um grupo para a futura formação de uma associação que terá o objetivo de criar e vender as aves ao mercado da região. No sítio, houve muita conversa sobre o sistema de criação de aves e os possíveis caminhos que poderiam seguir na regulamentação do grupo. Quem quiser saber mais detalhes desse grupo pode entrar em contato com a Casa de agricultura de Artur Nogueira pelo fone (19) 3877-1070 ou email: ca.arturnogueira@cati.sp.gov.br.

Matéria publicada originalmente na edição 75 Jornal Pires Rural, 15/06/2009-www.dospires.com.br]
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Milho transgênico ou convencional? Qual é o melhor para o produtor?




Liberado para plantio pelo Governo Federal através de normas impostas pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, maior autoridade em biossegurança do país) o milho de tecnologia Bt (sigla para Bacillus thuriengensis), pela qual um gene não existente na planta é inserido no DNA de algumas variedades de milho está sendo plantado pela primeira vez no município de Limeira.

De acordo com Gilberto Carlini da Carlini Assessoria em Agronegocios de Artur Nogueira, “Quem plantou milho transgênico em nossa região está fazendo testes com o produto, pois será a primeira safra com esse grão. Acredito que houve uma adesão de 9 a 10% de produtores a essa tecnologia. Em minha opinião, o produtor vai se dar bem e não vai querer trocar porque ele rende 20% a mais. Esse milho chega num momento em que o produtor esta descapitalizado, quem tem laranja sofre com o preço de venda, quem plantou milho sofre com a alta no preço dos adubos”.



Visitamos uma propriedade no bairro Nova Campinas, área rural de Limeira, divisa com Cosmópolis, e lá encontramos o agricultor Neuton Bratfisch que contou sua recém experiência com o milho de tecnologia Bt. São ao todo 46 anos lidando com a roça de milho e há 16 anos fazendo plantio direto em uma área vizinha a sua residência. Neuton plantou 50 alqueires de milho transgênico e 6 alqueires de milho convencional como borda, seguindo as normas passadas pelos fornecedores de sementes. Na hora da colheita, foram misturadas as duas variedades e entregue a um comprador de Sumaré. Ele conta, “eu uso adubo comum, plantadeira comum, tudo o meu negocio é comum. Estamos no sistema antigo, não fazemos aplicação de venenos e esse ano não foi diferente, tive uma quebra de 100 sacos no milho convencional e zero no transgênico. Estou calculando que gastei cerca de R$12,00 para produzir cada saco. O milho colhido é robusto, bonito, um ótimo resultado de 400 sacos por alqueires, enquanto do outro foi 340”.
Neuton está bem contente com o resultado obtido com a nova variedade, espera plantar novamente na próxima safra. Na opinião do consultor Gilberto Carlini diz “ao meu ver não existe outro caminho, se o produtor quiser ter ganhos. Quem não plantar (a variedade de milho Trangênico) em 3 anos está fora do mercado. Não terá uma safra rentável e nem sucesso economicamente”.

Ação transgênica
A missão dessa nova tecnologia é que a proteína Bt possa criar toxinas inseticidas que matam três tipos de lagarta quando elas ingerem qualquer parte da planta. Mas o assunto se torna polêmico quando levanta questões que a tecnologia promete reduzir o número de aplicações de veneno nas lavouras, e os riscos sobre os milhões de toneladas que não são transgenicos e vão entrar na cadeia de produção de alimentos.
Um problema detectado na lavoura foi o risco real de contaminação de plantações convencionais ou orgânicas por plantas transgênicas. A possibilidade de uma planta polinizar outra cria dúvidas sobre as garantias reais de que a lavoura convencional não receberá pólen transgênico.
O assunto traz também uma enorme ameaça para boa parte da indústria de alimentos, cujo esforço tem sido de evitar a rotulagem de seus produtos com o selo indicador de existência de transgênico, se enquadrando nos limites de até 1% de organismos geneticamente modificados (OGM) na composição dos alimentos processados.
O tema ainda envolve risco de perda de contratos (o que já ocorreu com produtores de soja) e até o direito de produtores que não queiram adotar a tecnologia de companhias multinacionais de biotecnologia, como Monsanto, Syngenta, Bayer e outras.

Milho foi proibido na Alemanhã
O milho Bt Mon 810, tecnologia de propriedade da multinacional Monsanto, teve a autorização de cultivo revogada recentemente na Alemanha. Esse foi o sexto país da União Europeia, região que já havia aprovado o uso da tecnologia, a revogar a autorização para o plantio. Além de proibido em solo alemão, a autorização para o cultivo também foi suspensa em Luxemburgo, Hungria, Áustria, Grécia e França. O milho vetado pelo governo alemão possui o mesmo gene inserido no DNA de variedades de milho cultivado neste momento no Brasil. Em algumas regiões do Paraná, o plantio de milho com a tecnologia atingiu 40% da área plantada.

A verdade é que não há tecnologia nova livre de risco. A biotecnologia agrícola tem mostrado até agora que seus benefícios superam seus riscos, com um detalhe, como cada transgênico é diferente do outro, o passado não garante o futuro.


Matéria publicada originalmente na edição 75 Jornal Pires Rural, 15/06/2009-www.dospires.com.br]
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos. Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…

Sub-bacia do Ribeirão dos Pires é classificada área periurbana

A sub-bacia do Ribeirão dos Pires foi objeto de estudo para o Prof.  Ricardo José Contijo Azevedo para tese de mestrado concluída em 2008. A determinação da sub-bacia do Ribeirão dos Pires como objeto de estudo, partiu de uma série de condicionantes favoráveis, como a importância histórica que a área possui para os imigrantes, sobretudo os alemães; a relevância ambiental da área para a manutenção do abastecimento de água em Limeira; e principalmente, as constantes transformações sócio-espaciais apresentadas nos últimos anos em virtude do crescente processo de urbanização disseminado pelos loteamentos de chácaras de recreio.
O recorte temporal da pesquisa está compreendido entre os anos de 1978 a 2006. Como ponto de partida, para a realização dos mapeamentos, foi definido o ano de 1978 em virtude da disponibilidade de fotografias aéreas do referente ano.
Para o desenvolvimento do trabalho foram utilizados diferentes instrumentos de pesquisa como a revisão bibliográfica, realização de trabalhos de campo, aplicação de entrevistas, e ainda a utilização do software ArcGIS, versão 9.1. Dentre os materiais utilizados na pesquisa pode-se citar: imagens de satélite, fotografias aéreas, cartas topográficas, GPS, entre outros a compreensão dos processos sócio-espaciais vigentes. Assim, foram entrevistadas pessoas em diferentes pontos da sub-bacia, na parte urbanizada localizada no interior do perímetro urbano, e na parte que transcende a delimitação, nas porções localizadas no interior da bacia, como os moradores mais antigos do bairro; os donos de estabelecimentos comerciais nas vias de comunicação da sub-bacia; produtores de laranja; arrendatários de áreas destinadas ao cultivo de cana-de-açúcar e os donos das chácaras de recreio. Além disso, tornou-se necessária a entrevista com representantes do poder público, como forma de subsidiar a compreensão do processo de expansão urbana da sub-bacia.
Não sendo interesse da pesquisa delimitar tipos específicos de culturas, optou-se por separá-las somente em cultivo temporário e perene. Para que se analisasse a dinâmica de expansão urbana, os tipos de uso urbano foram subdivididos em consolidado e não consolidado.
Analisando o mapa de ocupação e uso da terra de 1978, percebe-se a predominância dos cultivos perenes (de ciclo longo), representados principalmente pelos citros, o equivalente a 45,97% do total da área. Em seguida vinham as pastagens, representadas por 27,51% da área, localizadas principalmente próximas à parte urbanizada da cidade. Observa-se que os cultivos temporários, em especial da cana-de-açúcar, possuíam baixa representatividade com 7,24% da área. O uso urbano consolidado representava 2,24% da área, enquanto o percentual de urbano não-consolidado era inexpressivo, com apenas 0,26%  da área total.
Já o mapeamento de ocupação e uso da terra de 1988 evidencia algumas tendências sócio-espaciais se delineando, como a redução dos cultivos perenes e das pastagens, aumento do cultivo temporário e o expressivo crescimento do uso urbano, tanto consolidado quanto o não-consolidado. Entretanto, o cultivo perene manteve sua hegemonia com 44,13% de ocupação da área total, seguido pela pastagem, com 23,45% da área de estudo. No mapeamento de ocupação e uso da terra de 1998 evidencia algumas tendências sócio-espaciais se delineando, como a redução dos cultivos perenes e das pastagens, aumento do cultivo temporário e o expressivo crescimento do uso urbano, tanto consolidado quanto o não-consolidado. Analisando os dados da tabela de evolução do uso da terra, percebe-se que o cultivo perene perdeu áreas sobretudo para o cultivo temporário que, por sua vez, ganhou áreas principalmente das pastagens e do próprio cultivo perene (tabela 6). Entretanto, o cultivo perene manteve sua hegemonia, com 44,13% de ocupação da área total, seguido pela pastagem, com 23,45% da área de estudo. No mapeamento de 1998 constata-se também o expressivo crescimento da classe urbano consolidado, ganhando áreas principalmente da pastagem que encontrava-se  à sua volta, nas imediações do loteamento Parque Egisto Ragazzo, nas proximidades da Rodovia Anhanguera. Percebe-se que o urbano não-consolidado ganhou áreas principalmente do cultivo perene e da pastagem.
Através do mapeamento de 1998 verificou-se também o expressivo crescimento do cultivo temporário sobre o cultivo perene, que por sua vez só ganhou áreas sobre a pastagem. Observa-se neste mapeamento que a pastagem perdeu áreas para praticamente todos os usos da terra, com exceção da água, onde curiosamente teve um ganho de menos de um hectare, possivelmente associado a algum açude que diminuiu sua área de cobertura. Assim, a demanda por novas áreas para introdução da cana-de-açúcar, bem como para implantação das chácaras de recreio reduziu o uso da pastagem, intensificando a utilização da terra por atividades mais lucrativas na sub-bacia.
Na mudança do século as transformações sócio-espaciais na sub-bacia se tornaram ainda mais acentuadas, consolidando assim as tendências verificadas nos anos anteriores. O mapeamento da ocupação e uso da terra em 2006 revelou que o cultivo temporário, representado principalmente pela cana-de açúcar, ultrapassou o cultivo perene,  que já vinha apresentando queda desde a década de 1970. O uso urbano não-consolidado, embora não tenha obtido um crescimento como na década anterior, manteve-se com a tendência de crescimento, mesmo com a legislação municipal restringindo esse uso no final da década de 1990.
A classe definida como mata ocupa, em 2006, cerca de 15,58% da sub-bacia, tendo sua localização restrita às margens dos canais fluviais e fundos de vale. Apesar de ter havido um pequeno aumento das áreas de mata, em comparação com o mapeamento anterior, pode-se observar, através da distribuição do uso da terra na área de estudo, que a cobertura vegetal foi retirada em várias propriedades, para a implantação de atividades agrícolas ou criação de loteamentos em situação irregular, tendo em vista a lei municipal nº 222 de 1999, que restringe o parcelamento do solo para fins residenciais na maior parte da sub-bacia. Constata-se assim a necessidade de uma maior preocupação do poder público em preservar as matas da sub-bacia, como condição para a manutenção dos recursos hídricos da área, que possui grande relevância ambiental, em virtude dos vários mananciais ali presentes.
Atualmente, a classe estabelecida como urbano não-consolidado, com 7,5% da área, mostra um considerável processo de urbanização na localidade. O cultivo perene mostra-se uma atividade decadente na área de estudo, tendo em vista que em 1978 ocupava 45,97% da área e em 2006 atingiu 27,02% da sub-bacia. De acordo com um produtor rural, com longa tradição no plantio da laranja, a cana-de-açúcar também não se mostra um cultivo promissor, primeiramente em virtude dos baixos preços de mercado.
Quanto ao cultivo temporário, representado principalmente pela cana-de-açúcar, observa-se um constante crescimento em sua área de extensão. De 1978 à 2006 o cultivo de cana-de-açúcar na sub-bacia aumentou de 7,24% para 34 ,77%, sendo o último período analisado (1998-2006).
O mapeamento de evolução das mudanças de uso da terra (mapa 6) evidencia que 37,7% da área de estudo teve uma mudança já no período compreendido entre 1978 e 1988, sendo considerado como o de maior proporção em relação as mudanças estabelecidas. Uma grande proporção constatada, de 29,6% da sub-bacia, refere-se às áreas onde não houve mudança de uso nos quatro mapeamentos realizados, ocupando áreas como uma porção dentro do perímetro urbano, representadas pelo uso urbano consolidado, pelos extensos cultivos de laranja, localizados em partes distintas da sub-bacia e pelas matas ciliares que permaneceram no local ao longo de 28 anos analisados. Para a década seguinte, estabelecida entre 1988 e 1998, foi observada uma mudança menor das classes de uso, com 20% da sub-bacia. Por fim, o último período analisado, entre 1998 e 2006, obteve uma proporção ainda menor de mudança de uso, com 11,9% da sub-bacia, mas foi nesse período que se constatou o mais expressivo crescimento da classe urbano não-consolidado, representado principalmente pelos loteamentos de chácaras de recreio.

Expansão urbana na sub-bacia

Dentre os motivos que justificam o crescente processo de urbanização da sub-bacia destaca-se a grande quantidade de vias de transporte existentes na área de pesquisa. Observa-se que empresas de pequeno e médio porte estão sendo instaladas na sub-bacia. É válido ressaltar que a implantação de “condomínios” fechados e chácaras de recreio na sub-bacia, vêm favorecendo o processo de expansão urbana classificando a sub-bacia como área periurbana. O autor da pesquisa acredita que o processo de expansão urbana na sub-bacia tende a aumentar, favorecendo os agentes dominantes e privando a população, das camadas mais populares, de apropriação efetiva do espaço, que se torna cada vez mais hostil às suas expectativas.

Matéria publicada originalmente na edição 74 Jornal Pires Rural, 31/05/2009-www.dospires.com.br]
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sábado, 30 de abril de 2016

Segurança na área rural




Dia 07 de março de 2009, a sede da Ong Viva Pires foi palco para um encontro entre diretores de associações de moradores existente na área rural como o bairro dos Pires, bairro monte alto, Areias, Frades entre outros e  o comandante do 5º BPM de Limeira, Capitão Sorge. O encontro foi mediado pela Ong Viva Pires pois surgiu da iniciativa do comercio local elaborar um abaixo assinado para trazer mais segurança para área rural. De posse do abaixo assinado Capitão Sorge veio até a reunião dizer aos presentes como é o funcionamento da Policia Militar. O primeiro passo, segundo ele, diante de qualquer furto ou roubo é necessário o registro de um boletim de ocorrência (B.O.), esse documento pode ser feito na delegacia (3º distrito, que atende a região do bairro dos Pires), e é imprescindível o registro no posto policial da Policia Militar, no caso da área rural o local indicado é na rua São Sebastião, no bairro da Boa Vista, na frente da escola Leovegildo. “Eu já orientei os policiais que trabalham naquela base para fazerem  boletim de ocorrência, pois esse documento vai servir como estatística para podermos aumentar o patrulhamento na área rural, mais especificamente o bairro dos Pires, Frades e Água Espraiada que é a nossa região de atuação”, disse aos presentes Capitão Sorge.



“O registro do B.O. para a Policia Militar são estatísticos para a realização de nosso trabalho para o envio de viaturas, patrulhamentos e realização de blitz, para a Policia Civil é o B.O. é para a investigação de crimes”, salientou Capitão Sorge.

Como houve uma mudança de região geográfica na atuação da Policia Militar, desde julho de 2008, Capitão Sorge orientou aos presentes para divulgar o registro do B.O. na Policia Militar para aqueles que possuem copia do documento registrado na Policia Civil, desde a data acima citada, para fazerem número as estatísticas de orientação do patrulhamento. O trabalho preventivo da Policia Militar hoje é feito com patrulhamento de viaturas em locais e horários esporádicos e sem direcionamento porque não existe registro estatístico.

 Matéria publicada originalmente na edição 73 Jornal Pires Rural, 31/03/2009-www.dospires.com.br]
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos. Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…

domingo, 24 de abril de 2016

IBS Mudas



A empresa IBS Mudas realizou evento para produtores de hortaliças no dia 9 de março em suas dependências com o objetivo de transmitir as tecnologias especificamente nas áreas de mudas, sementes e produção de hortaliças. O evento contou com a parceria do Sebrae, Cati, Esalq e Casa do Produtor Rural e empresas do setor de hortaliças. A programação contou com a presença de Mauricio Bicudo Sampaio, IBS Mudas, na palestra Processo de Produção de Mudas, Sebastião Wilson Tivelli, Instituto Agronômico de Campinas na palestra Transplante de Mudas x Semeadura Direta, no Cultivo de Hortaliças; Profª. Drª. Simone da Costa Mello, Esalq/USP.

Para Marcos Bicudo Sampaio, diretor da empresa IBS, o objetivo do evento é trazer o produtor de hortaliças para conhecer a estrutura e qualidade para valorização do produto final, a muda. “A maior preocupação do produtor do nosso cliente hoje são as pragas e doenças, pois é motivo de prejuízo na produção, como por exemplo, a maior preocupação do produtor há três anos era o mosaico na alface e hoje o mercado já oferece opções como uma variedade resistente a esse mal que tirava o sono do produtor”, afirma.
Para o produtor Fabio José Correia da Silva, Itapuí, SP, consumidor das mudas IBS há 6 anos, a qualidade das mudas de hortaliças o deixa mais seguro, a produção rende porque o enraizamento da muda é forte. “Eu vim buscar novidades sobre técnicas e variedades”, afirma.
O produtor Antonio Lembo, Ipeuna, SP, a importância da participação em eventos só traz vantagens. “Eu cheguei ao evento e, de cara já conheci a variedade de alface americana gloriosa, que resolve o problema que vem tirando o meu sono, porque eu não consegui colher alface americana neste verão”, afirma.


Matéria publicada originalmente na edição 73 Jornal Pires Rural, 31/03/2009-www.dospires.com.br]
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos. Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…

Citrosuco encerra produção e demite




A Citrosuco, segunda maior processadora de suco de laranja do mundo, anunciou o encerramento da produção na unidade de Bebedouro/SP. A unidade foi adquirida em 2004 no processo de compra, pela Citrosuco e pela Cutrale, dos ativos de produção de suco de laranja da Cargill no Brasil. Os mais de 200 funcionários da unidade já começaram a ser demitidos.

Em nota encaminhada pela empresa diz que manterá funcionários trabalhando nos serviços de recebimento de laranjas, armazenamento e movimentação de sucos. Outros trabalhadores serão transferidos para as duas unidades localizadas nas cidades de Limeira e Matão. “Comprometida com o desenvolvimento da citricultura brasileira e com o dinamismo socioeconômico da região de Bebedouro e do Estado de São Paulo, a Citrosuco confia plenamente no revigoramento das taxas de crescimento do consumo mundial de suco de laranja e continua a investir no aprimoramento de processos organizacionais e tecnológicos”, destaca o texto da assessoria.

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Bebedouro (SP) divulgou comunicado no qual repudia as demissões ocorridas na unidade da Citrosuco. Segundo o documento, o Grupo Fischer, controlador da empresa, agiu com "desrespeito" com o sindicato e "principalmente com os trabalhadores da referida empresa, dispensando os mesmos com uma fria carta recebida em sua residência, trazendo um grande transtorno e desconforto para seus familiares", informa José Antonio Janotta, presidente da entidade.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu que o Ministério da Fazenda e o governo paulista tentem encontrar uma fórmula para que a unidade volte a funcionar. Ele leu nota do sindicato dos empregados, onde eles lamentam a forma como a empresa comunicou as demissões. De acordo com o senador, há grande preocupação também entre os produtores de laranja da região, pois eles não sabem como poderão escoar sua produção. A Citrosuco, informou que pretende processar nas unidades de Matão e Limeira, as frutas da região de Bebedouro, mas os fazendeiros temem que isso acabe resultando em redução do preço que eles recebem.

A Citrosuco pertence ao Grupo Fischer e tem ainda uma fábrica de suco em Lake Wales, na Flórida (EUA) e outra em Videira (SC), onde também produz suco de maçã. A companhia possui o maior terminal do mundo de escoamento de suco, em Santos (SP), o maior terminal europeu, em Ghent (Bélgica), além de terminais em Wilmington (EUA) e Toyohashi, no Japão. A Citrosuco produz também óleos e essências, álcool a partir do bagaço e polpa cítrica.

A carência de matéria-prima, aliada a um processo interno de rearranjo na produção de suco de laranja, seriam os motivos


Matéria publicada originalmente na edição 72 Jornal Pires Rural, 15/02/2009-www.dospires.com.br]
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sexta-feira, 22 de abril de 2016

Sindicato dos Trabalhadores Rurais vira peça de museu:

Servindo aos trabalhadores rurais

Fundado em 1962, e oficializado em 1965 com o recebimento da carta sindical, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Limeira é composto de uma diretoria com 12 membros e desde sua fundação apenas dois nomes ocuparam o cargo de presidente.



Esse e outros relatos a seguir são do Sr. Antonio Pereira, 78, ele é o segundo presidente eleito do Sindicato, está no cargo desde dezembro 1995 e recentemente foi reeleito para seguir o mandato até 2013. No dia da entrevista estava também Sr. Luiz Inocêncio, 79, que exerce a função de secretário. Ambos trabalham diariamente na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Limeira, das 8 às 11hs e das 13 às 15h45min, ele esta localizado na Rua Barão de Cascalho, próximo à rodoviária. Lá a maioria dos atendimentos aos rurícolas é feito por telefone e a dúvida mais frequente é sobre o piso salarial pago aos trabalhadores rurais que é o mínimo de R$490,00 mensais. Valor reajustado em outubro de 2008 e aqueles que ganham acima desse valor o reajuste a ser aplicado são de 8%. Segundo Sr. Antonio os assuntos referentes a intrigas trabalhistas são direcionados para o departamento jurídico que fica em um escritório de advocacia em outro endereço.
O prédio em que esta localizado o Sindicato pertence à Prefeitura de Limeira que empresta o local desde 1984. Hoje, esse imóvel é dividido com o Grupo da Terceira Idade.
O Sindicato é um local pacato, quase ninguém vai lá, em mais de duas horas de conversa o telefone tocou duas vezes (uma era engano e outra a dúvida era sobre salário), a única pessoa a entrar lá, foi para saber informações do vizinho. Mas nem sempre foi assim. Segundo Sr. Antonio, nas décadas de 70 e 80 o movimento era intenso. Em 1980 chegaram a ter clínico geral e dentista no local. “Naquela época, fazíamos homologação, atendimento ao público, filiação de associados, agendamento médico. Eu participava de reuniões por toda a cidade, desde o Conselho Agrícola Municipal até sobre a compra de produtos produzidos em Limeira para a merenda escolar. Mas sempre fui ouvinte, não me envolvia na “politicagem”. Em mais de 40 anos de Sindicato nunca fiz uma greve, nenhum problema sindical, nenhum transtorno político”, relatou.

Mas o que aconteceu que ninguém vem mais aqui?

“Bom, há uns 20 anos atrás, tinha um advogado chamado Milton Borba Canicoba, já falecido, que cuidava das coisas desse Sindicato, lá em São Paulo, na sede da FETAESP e aproveitou uma Lei Federal que podia optar pela troca dos associados. Os patrões passaram a recolher a confederativa (imposto de 1% recolhido do salário de cada trabalhador rural) e isso fez diminuir o número de visitas e acabou com nosso quadro de associados”, disse ele.


O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Limeira não tem funcionários?

“Não tem. Já teve. Trabalhou 30 anos aqui e pediu a conta. O médico e o dentista pararam de vir porque caiu o número de atendimentos. Mas o dentista veio até 2006, quando foi demitido, ele vinha aqui uma vez por mês para buscar o salário, mas não tinha nenhuma consulta. Nós temos um consultório aqui montado, completo, mas os equipamento são muito antigos. Os recursos para a compra desses equipamentos vieram pelo FUNRURAL”, explica Sr. Antonio.




Aqui tem computador e internet?

“Internet não. Computador eu ia comprar, mas o funcionário pediu a conta, não precisei comprar”, disse.

Então, só vocês dois trabalham aqui? E vocês ganham?

“Recebemos uma gratificação sindical. Sou eu que faço o serviço de banco, depósito, pagamento e emito as guias para o Sindicato Patronal de Limeira. Trabalhamos em parceria com eles. Depois que eles recolhem o valor do imposto eles nos repassam”, contou.

Sr. Antonio conte um pouco como entrou para o Sindicato?

“Eu sempre fui trabalhador rural. Trabalhava na fazenda 7 lagoas agrícola em Mogi Guaçu. Aposentei em ´92. Junto com o primeiro presidente, João Santoro, ajudei a fundar o Sindicato em 1962. Sempre fui membro da diretoria e com o falecimento do João em 1995, me tornei presidente”.

Os outros componentes da diretoria são de Limeira?

“O Sindicato atende também as cidades de Cordeirópolis e Iracemápolis. O Luiz, aqui do meu lado, pode falar”, diz.

Sr. Luiz conta: “desde 1972, eu trabalhei na sede do sindicato lá em Iracemápolis. A Usina Iracema passou a recolher o imposto para o Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação, lá fechou e há três anos venho pra Limeira de segunda à sexta. Os outros diretores moram longe, vem aqui uma vez no mês”.

Para concluir Sr. Antonio, já que o Sr. foi reeleito presidente e ocupará o cargo até 2013, quais são os planos para o futuro?

“Eu não faço mais planos para o futuro”, concluiu.


Matéria publicada originalmente na edição 71 Jornal Pires Rural, 15/02/2009-www.dospires.com.br]
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos. Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…

João Santa Rosa - Balanço da agricultura de 2008




João Santa Rosa, agricultor, nascido no Centro Rural do Pinhal, Limeira , foi presidente do Centro Rural do Pinhal e da Comunidade São José do Centro Rural, presidente do Sindicato Rural Patronal de Limeira nos últimos três anos. Trabalhou na agricultura até os 40 anos de idade. Segundo ele,  “carregou a bandeira rural” em busca de soluções de melhor qualidade de vida para os produtores. “Eu acredito que deveríamos ter a mesma qualidade de vida que as pessoas do perímetro urbano, como ruas asfaltadas, segurança, praças.
Acredita que somente uma política agrícola sancionada pelo governo federal pode realmente tranquilizar o mercado agrícola, com a garantia do preço de custo na produção. Já no que diz respeito especificamente à cidade de Limeira, o cenário é alarmante . Chega a arriscar que, num prazo de 03 anos, a área rural de Limeira terá um novo cenário, marcado pela cana-de-açúcar e a agricultura de subsistência justificado pelo grave problema de renda mínima para o agricultor limeirense.
Presidente do Sindicato Rural Patronal de Limeira até 2008, entrega o cargo para o produtor Nilton Picin. “Desejo um bom início de 2009. E, procurem alternativas viáveis na agricultura, contando sempre com o trabalho do Sindicato Rural Patronal e o respaldo jurídico que oferecemos”, afirma João Santa Rosa.
Jornal Pires Rural: São tantos anos na área rural. Uma luta intensiva para trazer melhorias e dignidade ao homem do campo. O Sr. passou a “brigar” ou “chorar” por conquistas na área rural?
João Santa Rosa: “Chorar”. Porque esbarrávamos em algumas questões que estavam longe das possibilidades (do poder público) e sabíamos que eram viáveis e positivas. Mas, quando chegávamos a um nível mais elevado de autoridades para solicitar pedidos, havia a desmotivação causada pela burocracia. Sempre deparamos com muitas dificuldades no que reivindicamos para a área rural.

Jornal Pires Rural: Quais mudanças significativas o Sr. acompanhou ou que ainda estão por ocorrer?
João Santa Rosa: Uma mudança que houve e que eu considero importante, foi o investimento no aumento da qualidade dos produtos agrícolas, para ser mais específico, na produtividade por área. Se isso não tivesse ocorrido, não teríamos mais produtores na área rural, porque em 1985, quando eu comecei a produzir soja, nós conseguíamos produzir no máximo 40 sacas por hectare. Hoje, com os investimentos em genética e tecnologia, conseguimos 65 sacas por hectare. Esse avanço em alimentos geneticamente modificados, o aumento da produtividade fez com que o produtor permanecesse no campo por um período maior.
Uma outra mudança foi o comportamento do produtor rural com capacitações, investimentos, por acreditar no que estava por acontecer. O que não houve é uma política agrícola para o país. Infelizmente, cada um (produtor) quer, plantando de acordo com o preço da safra anterior. Nós devemos plantar segundo a demanda nacional de cada produto. Porque se o milho teve um bom preço em 2008 todos querem plantar milho na safra seguinte ocorre a desvalorização do produto. O Brasil não tem uma política agrícola para incentivar o produtor a plantar. O governo (federal) tem negado que a produção de cana-de-açúcar não tem diminuído a produção de grãos. É mentira. Na verdade muitos produtores do Estado de São Paulo, que tinham áreas de cultivo de laranja, soja, há 03 anos plantaram cana-de-açúcar em função do preço na época e, hoje voltar ao cultivo de laranja é inviável. É isso que não pode ocorrer. Porque cada região deve plantar o que é pertinente ao clima e altitude. Se continuar assim, não teremos o que comer.


Jornal Pires Rural: O que o Sindicato Rural Patronal tem feito para que as autoridades respeitem as condições reais da agricultura brasileira?
João Santa Rosa: Nesses 03 anos como presidente do Sindicato Rural Patronal, “brigamos” pela política agrícola. Mas, o assunto sempre esbarra no tamanho do país porque quando o assunto chega em Brasília a diversidade dos estados acaba implicando cada um “defender” as suas necessidades e então não vemos resultados positivos. As discussões são setorizadas na Federação dos Agricultores do Estado de São Paulo – Faesp. Assuntos como a cana-de-açúcar, o café, a citricultura, são relevantes e levados a Brasília para a Confederação Nacional da Agricultura – CNA. Pelo menos avançamos nas discussões dos problemas levando em consideração a realidade do campo, o que não ocorria. As  decisões eram tomadas sem ouvir representações do produtor. Como por exemplo, “favorecer” o produtor prolongando o pagamento de máquinas por mais 10 anos, essa determinação ajuda sim os bancos e empresas de implementos agrícolas continuar vendendo. E o produtor tem que pagar sua dívida da mesma forma.
O governo (federal) defende o setor que está do seu lado. Todas as políticas que o governo sancionou foram sem consultar as bases da agricultura, e sim em nome dos banqueiros com a intenção de diminuir a inadimplência dos bancos.
O Sindicato Rural tem incentivado os cursos do Senar com o objetivo de agregar valores dentro da propriedade através da agroindústria para a agricultura familiar e assentamentos.

Jornal Pires Rural: Os produtores de Limeira já estão colhendo resultados com as capacitações?
João Santa Rosa: Limeira precisa de uma associação de produtores rurais e depois atrair o mercado, como a Associação de Orquidófilos de Limeira.
Nós (limeirenses) sofremos mais  por termos sido pioneiros na produção de laranjas. São mais de cem anos de citricultura. São várias gerações e hoje temos apenas 30% da produção agrícola e 70% de cana-de-açúcar. Vocês têm andado pela área rural e têm percebido que os pais estão idosos e cuidando das propriedades, sobrevivendo e os filhos foram trabalhar na cidade. A minha família é numerosa, são 10 irmãos e apenas 03 estão na profissão de agricultor, dos sobrinhos, apenas 02 optaram pela agricultura. As faculdades formam engenheiro agrônomo, mas não formam agricultores. Ser agricultor é algo nato. E, ele para para pensar de que é que adianta a sua realização se ele não consegue suprir as necessidades da sua família.

Jornal Pires Rural: Então qual é a solução?
João Santa Rosa: A solução é formar uma associação com o gerenciamento técnico do Sebrae em parceria com a indústria e agregar valor para a produção.

Jornal Pires Rural: A proposta de formar associações é bem aceita pelos associados do sindicato Rural Patronal?
João Santa Rosa: A dificuldade é justamente essa. Nós pregamos a importância de uma associação, a diversificação de culturas. Há pouco tempo fomos procurados por uma empresa para a produção de goiaba. Compareceram 28 produtores e apenas 02 assumiram, sem adesão mínima, o projeto não prosperou. A proposta era razoável. O rendimento seria 5 vezes mais que a produção de laranjas.

Jornal Pires Rural: Qual é o futuro da agricultura em Limeira?
João Santa Rosa: Eu estou acompanhando a supervalorização da terra no nosso município e a instalação de grandes empresas na área rural, como é o caso da rodovia  Limeira- Mogi Mirim. Até 02 anos atrás, pagava-se R$ 40.000,00 por um alqueire de terra. Hoje já se fala em R$ 100.000,00. Ao se especular esse valor para um alqueire de terra, a agricultura acabou. O produtor pode vender suas terras e ir embora.    
Limeira terá cana-de-açúcar em terrenos com topografia plana para mecanização e as demais propriedades terão agricultura de subsistência ou vão ser transformado em chácaras de recreio. Limeira transformou 105 propriedades em chácaras de recreio.
Até pouco tempo atrás eu iniciei um movimento contra o avanço da especulação imobiliária na área rural, principalmente na bacia do Pinhal. Quando questionei alguns produtores sobre o que aconteceria com aquela área de fonte abastecimento de água potável para a cidade de Limeira, eles me responderam que são favoráveis à instalação de indústrias pela oportunidade de empregos para a área rural. Os produtores rurais estão com dificuldades em manter a renda mínima.
Em 1972, aconteceu uma fase muito boa na citricultura e o produtor ia até a loja “Batistton” fazer a encomenda de um novo trator e a espera para a entrega era de até 01 ano e muitas vezes com a exigência da aquisição de um implemento. Hoje, você visita uma propriedade e encontra o trator daquela época, sem segurança de 30, 40 anos atrás. Os produtores que adquiriram terras fora de Limeira conseguem manter as propriedades de Limeira. Os que permaneceram estão com sérias dificuldades, fazendo “bicos” como pedreiros ou faxineiras. Eu vejo com muita precaução a atividade rural no nosso município. O produtor rural vai abandonar a profissão, vai vender a propriedade e em 03 anos teremos outra realidade. Eu sou realista: o pequeno produtor rural está resistindo sem renda mínima. Já o médio produtor mantém outras atividades além da rural e aquela que estiver dando prejuízo será a primeira a ser vendida.

Jornal Pires Rural: O Sr. pode avaliar como foi o ano de 2008 para a agricultura?
João Santa Rosa: Foi um ano difícil. A crise americana nos afetou com a alta nos preços dos fertilizantes, herbicidas, agrotóxicos com a alta do dólar o que não garante que o produtor possa obter lucro na venda da próxima safra. O fertilizante teve uma alta jamais esperada e o desafio é que não tenhamos saudades de 2008.

Jornal Pires Rural: Qual é a sua orientação para os produtores enfrentarem a grave situação?

João Santa Rosa: Reduzir o plantio (opinião pessoal). Na hora em que a produção atingir números alarmantes, o governo federal terá que tomar alguma providência. Queremos preço de custo, não preço mínimo, para que o produtor não tenha prejuízo. Se o governo garantir a compra da saca de milho a R$ 15,00 o mercado comprará por R$ 0,01 a mais.    


Matéria publicada originalmente na edição 71 Jornal Pires Rural, 15/12/2008-www.dospires.com.br]
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos. Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…

A realidade de uma microbacia hidrográfica




O Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas (PEMH) foi lançado de forma abrangente desde 2002 e veio encontrando, ao longo dos anos, a realidade peculiar de cada região paulista.
Esse Programa Estadual é financiado pelo Banco Mundial e executado pela CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), presente nos mais de 600 municípios paulistas. Na cidade onde existe o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, são seus membros quem escolhe a área agrícola do município onde devem ser realizadas as benfeitorias e incentivos do Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas.
Em Limeira, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, cujos membros são ligados a sindicato, prefeitura, instituições e empresas privadas, através de alguns parâmetros (área degradada, número agricultores familiares, etc.) indicaram quais localidades se enquadravam no Programa de Microbacias.
Isto posto, iniciou-se a microbacia da “Águas da Serra”, próximo ao bairro Nossa Senhora das Dores, rodovia Bandeirantes e estação de tratamento de esgoto “Águas da Serra”.

Barreiro Farto
Porém, há quatro anos, uma outra região foi indicada para o Programa de Microbacias, no bairro Água Espraiada, a microbacia do “Barreiro Farto”. Nesse local os moradores, cerca de 30 famílias, foram convidados pelos técnicos da CATI para assistirem a uma palestra sobre o significado do Programa Estadual de Microbacias.
Luiz Barbosa e Leandro Paes, presentes naquela reunião, lembram-se que foi prometida uma ajuda, inclusive financeira, para a construção de fossa séptica, poço artesiano, cerca nas propriedades, calcários e implementos. Luiz Barbosa conta que passados quatro anos “não vi nada de concreto. Eu vejo que a CATI tem boas intenções no papel, mas é muita burocracia e pouca ação. É algo que vem de cima para baixo. Depois de preencher um monte de papelada, meu primo conseguiu calcário para aplicação no pomar, mas quase que não chegou no tempo certo. Nem sei se ele teve que pagar e depois foi reembolsado”. Leandro Paes disse que “por enquanto, eles só fizeram as bacias de captação de água, algumas reuniões e os curso no centro comunitário”. Luiz acha que “existe coisa mais importante que curso de sabão”. Leandro continua contando que “desde 2004 foi falado em arrumar calcário, fazer fossa, poço e disso não veio nada. Participei de duas reuniões, uma em Piracicaba e outra em Limeira, para montar uma associação, mas nada foi feito e tá tudo parado”.

Cursos de Capacitação
Outra moradora da microbacia do “Barreiro Farto” é a Sra. Geralda Paes que sempre participa dos eventos na comunidade. Ela também participou da reunião e contou que naquele dia “vieram uma moça e um moço que não sabiam ligar o notebook. Quando é assim tem que trazer uma pessoa que sabe, né? Mas daí falaram da microbacia, da água, que tem que preservar a água, que está acabando a água. O moço também falou sobre a instalação de poço. Só que, se muita gente pedisse o poço, ia ter que fazer uma programação, cheia de documentação, que iria levar dois anos para começar o primeiro poço e ainda tínhamos que pagar. Perguntei como ele tinha coragem de oferecer um poço desses? Sobre o calcário, se tivesse muitos pedidos, ele também não daria conta de atender. Olha, deu tudo em nada”, relata dona Geralda Paes. Perguntamos a ela sobre o que achou dos cursos ministrados pela CATI no centro comunitário. “Ah! Foi bom. Teve de bolo, de sabão, a comunidade se uniu. Mas se o objetivo era fazer os cursos e ganhar dinheiro, ninguém tá ganhando”, disse. Perguntada se espera algum curso que aumente a renda da propriedade e se estaria disposta a abrir um negócio; ela diz: “Eu queria o derivado de leite. Aprender a fazer mussarela. Mas não vou abrir nada. É só pra gente da família”. Sobre o que a senhora viu e ouviu do Programa Estadual de Microbacias, qual seria a necessidade para o seu bairro? “Um posto policial, que aumente a nossa segurança”, finaliza dona Geralda Paes.

Motivação
A questão do poço artesiano contemplada pelo Programa de Microbacias, segundo relato de Luiz Barbosa que diz ter assinado um “papel”, com mais quatro vizinhos, reivindicando um poço, até agora nenhuma resposta foi dada. Disse ainda, que não pegou nenhum protocolo referente a esse pedido.
Pelas palavras de dona Geralda Paes e outros moradores, entendemos que o começo da tranquilidade para o produtor rural está na segurança de seu lar, de sua família e de seus bens. A motivação não se resume em um bom programa datilografado, promessas de cercas, poço, fossa e outros itens básicos. É preciso creditar esse trabalhador, com ações realmente práticas, pois a impressão que ficou para eles é que tudo não passou de uma artimanha política.


No Escritório de Desenvolvimento Rural, órgão da CATI, que responde por Limeira e mais 13 cidades, encontramos o diretor técnico, Carlos Tessari Habermann responsável pelas ações do Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas em nossa região. Ele foi nosso entrevistado para relatar como foi trabalhar o Programa de Microbacias. De acordo com ele, a implantação da segunda microbacia em Limeira, o “Barreiro Farto”, começou tarde e houve uma troca de técnicos municipalizados para a realização do trabalho. Em 2008 o técnico se dedicou ao LUPA, pois tinha prazo de entrega. Ele também não soube especificar quais as benfeitorias realizadas, pois, “o técnico teria que estar junto comigo para ele ir me fornecendo os dados e eu passar para você”. Sr. Carlos ainda disse que o Programa foi uma nova maneira de trabalhar para o agricultor e demandou um lento aprendizado, mas que “já está tudo certo” para a realização de um segundo programa estadual, com recursos financeiros do Banco Mundial novamente, nos moldes do Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas e “aí será tudo mais fácil, pois, já temos o “know-how”, disse o diretor. Leia mais trechos da entrevista abaixo.

Jornal Pires Rural: Em Limeira a microbacias do “Barreiro Farto” começou há quatro anos, o que houve desde então?
Carlos Tessari Habermann: Na realidade foi trocado o técnico municipalizado da CATI. Aí começou a trabalhar tarde por lá. É uma região onde tem mais proprietários, não dá para fazer um trabalho maior. O convênio para a realização do Programa acabou em 30/11/2008.

JPR: O que aconteceu que nada foi feito?
CTH: Em 2008 tivemos que fazer o levantamento do LUPA, com os dados de 1.800 propriedades, o que consumiu muito do nosso tempo. ,Na microbacia é um mundo de papelada que se faz, tem o PIP (projeto individual de propriedades). Aconteceram diversas coisas boas lá.

JPR: Como por exemplo?
CTH: Algumas iniciativas foram feitas lá.

JPR: Que iniciativas, por exemplo?
CTH: Dependia muito do que estava no PIP. Às vezes o sujeito não queria determinada coisa ou demorou em decidir. Nada é feito sem o consentimento do agricultor.

JPR: Que outros incentivos o Sr. poderia citar que ajudou no desenvolvimento sustentável dos agricultores da microbacia do “Barreiro Farto”?
CTH: O técnico teria que estar junto comigo para ele ir me fornecendo os dados e eu passar para você. Agora, o pessoal querendo continuar com o Programa que está para sair uma segunda etapa, a gente vai tentar trabalhar lá e realizar realmente os incentivos necessários. Nessa segunda etapa haverá ênfase na competitividade da agricultura familiar para que o agricultor possa continuar na zona rural, tendo emprego e renda. O foco agora é a competitividade da agricultura familiar no agronegócio.

JPR: O Sr. acha que os moradores da microbacia do “Barreiro Farto” têm culpa por nada ter acontecido, através do Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas?
CTH: É o primeiro problema do Programa de Microbacias que nós estamos desenvolvendo. Quando tudo começou, estávamos amadurecendo. Achamos que no “Microbacias 2”, vai ser muito mais fácil. Porque a gente já aprendeu. Tem que fazer mais reuniões com os produtores, se não eles acabam esquecendo. Estar sempre em contato. A gente estava aprendendo muito e o Banco Mundial aprovou o que foi feito nas microbacias.

JPR: O Sr. quer dizer que o Programa Estadual de Microbacias foi para aprendizado?
CTH: Foi. Muito devagar, no começo, por sinal. A gente não sabia, eram muitos papéis, mapeamento ambiental, etc. Tivemos problemas com falta de tempo do novo técnico, tínhamos um prazo para entregar o LUPA. Começar uma maneira diferente de trabalhar com organização rural, é complicado. Mas agora já sabemos tudo. Já foi feita uma reunião com os agricultores e eles assinaram um termo que querem continuar com o programa assim que ele voltar. Tem um detalhe, a nossa região é menos pobre, temos fruticultura, chácaras, sítios menores. Aqui, às vezes, o produtor não precisa de uma ajuda de R$500,00, isso é pouco, mas, no noroeste do estado de SP é uma boa ajuda. Pode ser R$200,00, mas, o montante de papelada o produtor acha que dá muito trabalho.

JPR: Pra finalizar Sr. Carlos, o “Programa Estadual de Microbacias melhora sua vida”?
CTH: Melhora. Porque ele ajuda o agricultor a ter um rendimento maior na plantação. Os incentivos que ele recebe, ajudam a escoar a produção e transporte dos filhos para a escola. Diminuem a erosão com terraceamento e com isso a produção vai aumentando. É gradativo.

No que consiste o Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas?
É um programa do Governo Estadual, parcialmente financiado pelo Banco Mundial e executado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, através da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – CATI, com o objetivo de promover o desenvolvimento rural sustentável no Estado de São Paulo, que tem a microbacias hidrográfica como unidade de trabalho.

O que é uma microbacias hidrográfica?
É uma área geográfica delimitada por divisores de água (espigões), drenada por um rio ou córrego, para onde escorre a água da chuva.

Quais são os objetivos do Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas?
•Contribuir para a conscientização da comunidade sobre a necessidade de conservação dos recursos naturais
•Eliminar os problemas causados pelas erosões
•Viabilizar a recuperação de áreas degradadas
•Reduzir o custo de manutenção das estradas rurais
•Diminuir os riscos de poluição da água, contaminação de alimentos e intoxicação do homem pelo uso de agrotóxicos
•Recompor e manter as matas ciliares
•Proteger mananciais e nascentes
•Fortalecer a organização dos produtores rurais
•Capacitar os agricultores para o gerenciamento eficiente da unidade de produção de forma sustentável
•Transformar os agricultores e suas famílias em agentes de desenvolvimento

Dados do informativo “CATI responde 29” editado pelo CECOR/DCT/CATI/SAA e pelos autores Eng. Agrº José Luiz Fontes, Cláudio Antônio Baptistella e Paulo Antônio Modesto.

Animais presentes em área de manancial.


Iniciado há quatro anos atrás o Programa Estadual de Microbacias, na microbacia do “Barreiro Farto”, bairro Água Espraiada, área rural de Limeira/SP. Falamos com três pessoas sobre o Programa. Algumas das opiniões: Luiz Barbosa conta que passados quatro anos “não vi nada de concreto. Eu vejo que a CATI tem boas intenções no papel, mas é muita burocracia e pouca ação”. Leandro Paes disse que “por enquanto, eles só fizeram as bacias de captação de água, algumas reuniões e os curso no centro comunitário”. E a Sra. Geralda Paes disse que “perguntei ao técnico, como ele tinha coragem de oferecer um poço desses? Sobre o calcário, se tivesse muitos pedidos, ele também não daria conta de atender. Olha, deu tudo em nada”. No Escritório de Desenvolvimento Rural, órgão da CATI, que responde por Limeira e mais 13 cidades, encontramos o diretor técnico, Carlos Tessari Habermann responsável pelas ações do Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas em nossa região. De acordo com ele, a implantação da segunda microbacia em Limeira, o “Barreiro Farto”, começou tarde e houve uma troca de técnicos municipalizados para a realização do trabalho.

Matéria publicada originalmente na edição 71 Jornal Pires Rural, 15/12/2008-www.dospires.com.br]
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos. Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…

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