Jornal Pires Rural - Há 13 anos revelando a agricultura familiar

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Pobreza extrema sobrevive de terceirização de semi-jóias

Definir "pobreza" em linhas gerais é relativamente fácil: é o estado de privação de um indivíduo cujo bem estar é inferior ao mínimo que sua sociedade é moralmente obrigada a garantir. A pobreza em uma sociedade é o agregado dos estados de privação dos seus membros.
Uma das causas da redução da pobreza extrema no país foi a expansão dos programas focalizados de transferência de renda, no Programa Bolsa Família. Durante os últimos 15 anos, o Brasil implantou e desenvolveu uma estrutura de transferência de recursos para as famílias mais pobres que é eficaz, eficiente e relativamente efetiva. Tal construção se acelerou a partir de 2003, quando a estrutura foi reorganizada sobre os pilares do Programa Bolsa Família e o Cadastro Único.
A presidente Dilma Rousseff lançou a ampliação do Bolsa Família, 2,5 milhões de brasileiros devem ser beneficiados. Onde está localizada a pobreza extrema em Limeira? Por que famílias ainda vivem com valor inferior a R$ 70,00? Por que, mesmo assistida com renda mínima do Programa Bolsa Família, as famílias não conseguirem estabelecer uma relação promissora com o mercado de trabalho?
Conversamos com Claudineia Morais, conselheira tutelar, para entender um pouco do perfil das famílias relacionadas à pobreza extrema no município de Limeira. A pobreza extrema existe, mesmo com tantas oportunidades de trabalho não preenchidas. O agravante que contribui para a precarização da relação de subemprego é proporcionado pelo setor de semi-jóias.

JPR: O Governo Federal define pobreza extrema por renda per capita, ou seja, vive em situação de pobreza extrema aquele que consegue ter renda mensal abaixo de R$ 70,00. Como você define pobreza extrema diante da realidade que o Conselho Tutelar atende?
Claudinéia Morais: A pobreza extrema verificada nos atendimentos realizados pelo Conselho Tutelar caracterizam carência de recursos diversos e dentre estes, é lógico, o financeiro. Trata-se de pessoas que apresentam uma sobre vida onde recorrem ao auxílio social de Entidades diversas para conseguirem alimentação mínima, roupas, e ainda nos casos extremos, convivem sem água e energia elétrica.

JPR:Os baixos valores das transferências de renda e os erros de exclusão são dois dos principais fatores que têm comprometido a maior efetividade do Programa Bolsa Família no combate à pobreza. Você concorda?
Claudinéia Morais: Não concordo. Aponto como principal problema a falta de programas vinculados aos benefícios sociais e de renda que ofertaria cursos profissionalizantes diversos, para que os usuários possam vislumbrar ter uma profissão e renda.
Como você define a pobreza moral?
Claudinéia Morais: Pobreza moral configura-se pela falta de valores e ética que presenciamos na sociedade contemporânea a começar por muitos daqueles que deveriam ser exemplo.

JPR:Para erradicação da pobreza extrema você consideraria bem estar individual associado a bem estar moralmente aceitável?
Claudinéia Morais: Sim. E vale salientar que, muitas das famílias atendidas no Programa Bolsa Família sobrevivem da renda de subemprego na prestação de serviços de semi-jóias, através da terceirização e precarização do trabalho. A relação de subemprego do setor de semi-jóias em Limeira contribui para que essas famílias perpetuem a precariedade na relação com o mercado de trabalho. O que faz com que suas rendas respondam de maneira tênue mesmo o País apresentando uma economia promissora.
As transferências de renda têm sido fundamentais para a população extremamente pobre, pois, parte considerável da força de trabalho das famílias nessa situação tem uma relação precária com o mercado de trabalho. É uma evidência real no município de Limeira?
Claudinéia Morais: O município (de Limeira) dispõe dos Programas do CRAS e do CREAS, serviços de assistência social criados a nível federal para atender a população carente através da política social básica e de média complexidade, porém, no último governo municipal presenciamos, muitas vezes, o atendimento irregular e ou a não oferta dos serviços que deveriam ser prestados à população.

JPR:O principal objetivo da definição da linha (de pobreza) não deveria ser a identificação do público dos programas e ações, mas o monitoramento do desempenho da política governamental em enfrentar a pobreza extrema e atingir a meta da erradicação. Você concorda?
Claudinéia Morais: Concordo. Também avalio a falta de monitoramento das linhas de ações de enfrentamento à pobreza e que pudesse trazer outros indicadores analisando o capital humano e sócio cultural das pessoas atendidas.

JPR:A vulnerabilidade das famílias provocada pela pobreza extrema em Limeira é preocupante? Por que?
Claudinéia Morais: Sim. É preocupante. Principalmente pelas condições de subemprego que muitas vezes estas pessoas se submetem, como ditas anteriormente, através da precarização do trabalho informal de semi-jóias. Há que dar outras oportunidades de forma e condições de trabalho a estas pessoas.

[Matéria publicada originalmente na edição 124 do Jornal Pires Rural, 21/02/2013 - www.dospires.com.br]






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