São poucos os criadores que têm, na ponta do lápis, um
controle claro dos custos na formação de animais médios. Maioria em qualquer
plantel de eqüinos, eles deveriam contar com um rigor maior nos cálculos entre
os valores de criação e de comercialização. Afinal, não é todo dia que se ganha
na "loteria" e se consegue um exemplar top para equilibrar as
despesas e receitas da fazenda. Vendidos entre R$ 2.000 e R$ 3.000, é preciso
computar item por item, reduzindo gastos excessivos para, no mínimo, empatar os
custos de produção com o valor de comercialização. Uma artimanha que tem
deixado muitos criadores em estado de alerta, apesar desse trabalho não,
necessariamente, representar uma fonte de renda que interfira na saúde
orçamentária de seus negócios. Ligados a outras atividades, têm a criação de
cavalos mais como um hobby, um passatempo.
No entanto, nem em todos os lugares é assim. Na Bahia,
estado que possui o terceiro maior rebanho de eqüinos, com 700 mil cabeças, o
foco dos investidores são as raças nacionais tradicionais que tiveram mudanças
nas linhagens, como os cavalos JB e Logos, oriundos do Sul de Minas Gerais. O
aumento da demanda interna e externa por cavalos brasileiros para a prática de
esportes está aumentando a rentabilidade e atraindo cada vez mais investidores
para a criação e o treinamento de eqüinos no País. Cerca de 800 novos
investidores entraram no negócio desde 2005 só na raça Mangalarga Marchador,
foram atraídos pelos baixos custos de criação do País em relação aos altos
preços praticados no mundo dos esportes eqüestres. Segundo a Confederação de
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), os 5,9 milhões de cavalos do País geram
um faturamento anual de US$ 3,6 bilhões. Estes cavalos podem variar entre R$ 50
mil e R$ 200 mil, segundo bolsa de investimentos do setor.
Na administração de um haras os fatores mais importantes a
serem observados são mão-de-obra e nutrição. O primeiro, porque a criação de
cavalos envolve diversos tipos de profissionais, desde o pessoal da limpeza das
baias até o tratador. O segundo, porque a dieta absorve grande parte do
trabalho no haras, além de representar um elemento caro. Entretanto a redução
de custos não pode afetar a qualidade alimentar do animal a ponto de causar
fraquezas no futuro. Imagine um caso de tratar uma égua prenha com uma dieta
reduzida. Ela pode estar carregando um futuro campeão nacional.
Quem trata sem diferença um cavalo top de um médio, o que,
somando os gastos com vermifugação, vacinação, mineralização, alimentação,
entre outros itens, gera em média um custo de R$ 80,00/animal/mês.
Numa forma de equalizar os gastos na propriedade,
domar apenas os animais que apresentam alguma aptidão, seja para enduro,
apartação, provas de tambor, corrida ou hipismo também é uma saída. Mesmo sem
acabamento, os cavalos para usuários finais, aquele público voltado para o
lazer, saem com uma boa liquidez e a doma fica fora do preço de
comercialização.
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos.
Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…
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