Abundância de água é fator
determinante para a agricultura, principalmente se a propriedade deseja
tornar-se auto-sustentável. Novas técnicas para o aproveitamento da água pela
planta e a racionalização de seu uso estão sendo estudadas, como a técnica de
gotejamento. Bem vindas são as alternativas para driblar a escassez de água nas
propriedades, colaborar com o meio ambiente e economizar no bolso. Talvez se optar
por um sistema de irrigação vale, o melhor investimento seria encontrar
soluções como o uso de gel que segura a umidade na planta por dias, dispensando
o uso diário de água.
A ciência e os institutos de
pesquisa (EMBRAPA, IAC, etc.) estão aí para facilitar a vida no campo. Basta
que o agricultor entre em contato com a realidade desses institutos e que eles
possam se tornar cada vez mais parceiros do produtor rural, tanto na assistência
técnica quanto no desenvolvimento das propriedades para gerar o lucro,
possibilitando assim trabalho e vida digna aos proprietários.
Hoje, infelizmente, água em abundância
não é realidade no bairro de Cascalho. O Jornal Pires Rural na edição n° 44, mostrou
o exemplo do produtor Miguel Bertanha, do sítio São Miguel, que com sua
produção de orgânicos certificada há pouco tempo, reclama da falta de água em
sua região. Isso dificulta a ampliação e diversificação de culturas cultivadas.
Vizinho do sitio São Miguel está Eliane Bertanha, agricultora que cultiva mudas
de abacate. Consciente de sua situação, morar em uma região geologicamente
“ruim” de água, ela diz “utilizamos pouca água, por isso dá para suprir a
produção de mudas e abastecer a casa. Mas se tivesse água à vontade,
trabalharíamos melhor. Para mudar isso é complicado. Água da cidade, tratada, é
cara e não chega até aqui. Para fazer um poço artesiano os geólogos falam que
tem que ser profundo e o investimento é muito alto pelo retorno”.
Para entender um pouco mais como
funciona o sistema de abastecimento de água para a população de Cordeirópolis
entrevistamos o presidente do SAAE – Cordeirópolis, o Sr. Luiz Carlos da Silva , que discorreu
sobre a ação judicial da promotoria pública para o cancelamento no
abastecimento de água no bairro rural de Cascalho e a solução encontrada para
servir o bairro com água potável e sobre a futura represa a ser construída para
motivar novos investimentos empresariais na cidade.
Entrevista com o presidente do
SAAE – Cordeirópolis
Alguns produtores rurais de
Cascalho não têm água suficiente para o cultivo de suas lavouras, o SAAE pode
mudar esse quadro?
Luiz Carlos da Silva - Nós
fornecemos água sem tratamento para algumas partes do bairro, e isso causou
problemas com a justiça, pois não podemos fornecer água dessa maneira. Foi
pensado sobre a construção de 3 poços artesianos para suprir a falta de água. A
finalidade desses poços não é para atender a agricultura, é para o uso
doméstico. Vamos instalar o poço, fazer a distribuição, hidrometrar, fazendo o
tratamento, e o custo vai ser praticamente igual ao da cidade. Talvez seja
inviável para usar na agricultura. Sabemos da realidade de cada um, e que usam
sua fonte própria de água como poço e represa. O SAAE não tem condição de
atender essa demanda para a agricultura.
Como o produtor pode solucionar
isso?
Estamos trabalhando para levar
até ele água tratada. Inclusive o fornecimento de água para Cascalho no momento
é péssimo para a saúde. Temos um processo do promotor por conta disso, ele
queria que parássemos o fornecimento.
É um castigo a represa estar lá e
eles não usufruírem dela?
É uma cultura que se criou. Na
verdade a represa é um recurso natural para o município de Cordeirópolis.
Antigamente ela abastecia Limeira. Qualquer ponto que formos captar água vai
ser para uso do município. Estamos elaborando o projeto para uma nova captação.
Na região da fazenda Santa Maria é a mesma bacia da represa de Cascalho.
Qualquer lugar em que for captar água vai ser para uso da cidade. Veja só
Limeira, que capta água do ribeirão do Pinhal cuja bacia fica na cidade de
Cordeirópolis. Isso é uma visão equivocada, pois é fonte de recurso natural
para o município. E mesmo que for de um município a outro, vejo a água como uma
reserva para a humanidade. Existe uma preocupação com Cascalho, mas uma
preocupação como Cordeirópolis.
Como funcionarão os poços?
Serão três regiões. Um próximo à
represa de Cascalho, outro perto da rodovia Anhanguera e outro próximo do
cruzamento da rodovia Bandeirantes com a estrada de Cascalho. Cada poço terá
uma central de distribuição com uma casa de química para controle e coleta de
água. Daremos toda a condição de potabilidade para a água que vai ser
distribuída para as casas. Adotaremos hidrômetros e será desativada a bomba da
represa que abastece Cascalho hoje. Será beneficiado todo o núcleo urbanizado
de Cascalho. Mas não beneficiará para o uso na agricultura, vamos limitar o
uso.
Qual é o prazo para a instalação
desses poços?
Estamos com os processos
autorizados pelo DAEE já com outorga. Também estamos tentando recursos junto ao
governo federal. Um dos poços está prestes a ser licitado para a construção
numa área do município próximo à represa.
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos.
Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…
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