Coletiva de imprensa na reunião dos
12 secretários agrícolas do Brasil.
Durante
a realização da 14° Agrishow, vários eventos aconteciam simultaneamente, pela
grandiosidade da feira de exposição. Reunidos ali, a portas fechadas, para
tratarem de assuntos de interesse mútuo e de nosso país, estavam os secretários
de agricultura de Alagoas – Alexandre Toledo, Amapá – José Ribamar, Ceará – Camilo Santana, Espírito Santo – César Colnago, Goiás – Leonardo Veloso, Mato
Grosso – Neldo Egon,
Minas Gerais
– Gilman Viana, Rio de Janeiro – Christiano Áureo, Sergipe – Paulo Viana, Tocantins – Roberto Jorge Sahium, São
Paulo - João Sampaio
e o presidente da Emater (Associação de Assistência técnica e Extensão rural) de
Rondônia Sorrival
de Lima representando o secretário Marco Antônio Petisco.
Os
assuntos em pauta na reunião foram as campanhas para o combate contra a febre
aftosa com recursos internos dos estados, o projeto de defesa sanitária para o Brasil
e a liberação de recursos junto ao governo federal. Leia abaixo trechos da coletiva
de imprensa concedida pelos secretários presentes;
Defesa Sanitária:
Como
está a questão de orçamento proposto pela União para o cinturão sanitário e
defesa de fronteiras?
João Sampaio: Até o momento nada foi aplicado. Os estados estão em plena campanha de
vacinação contra a aftosa com esforços próprios, sem recursos federais. Os
planos de controle de fronteira encaminhado por sete estados, a partir das duas
últimas reuniões dos secretários e o ministro Reinhold Stephanes ainda não foi
liberado nenhuma verba. Estamos preocupados e aqui propomos reiterar o
orçamento proposto (R$ 265 milhões).
Na
prática o que deve ser feito?
João Sampaio: Vamos usar a força de nossos governadores para reivindicar junto ao
presidente Lula, ministro Reinhold e principalmente ao ministro da equipe
econômica porque quem efetivamente irá liberar os recursos ao Ministério da Agricultura
é o Ministério da Fazenda. Na abertura da Expo Zebu governadores e o presidente
Lula estarão reunidos com a pauta do contingenciamento dos recursos federais a
serem passados aos estados. Defesa sanitária é investimento e não despesa.
Estamos investindo na geração de riqueza e empregos. Esse é o tema fundamental.
Gilman Viana (Minas Gerais): O Foco é de que defesa sanitária não é problema de
agricultura. É um problema do País. O país que não tem defesa sanitária
eficiente é um país que perde espaço no contexto mundial.
As
verbas liberadas pelo governo do Mato Grosso do Sul foi pela razão de terem ido
à Brasília?
João Sampaio: Isso tem sido feito, estamos continuamente pressionando. O caso do Mato
Grosso do Sul foi uma situação emergencial e muito especifica. O projeto de
defesa sanitária tem que ser muito mais amplo e não ficar ao sabor de
emergências. É um projeto global para envolver o Brasil, todas as nossas
fronteiras. Deve ser um projeto de estados e governo de ação contínua para erradicação
da febre aftosa. Não adianta se imaginar que são necessários os 265 milhões
para esse ano e o ano que vem não precisa. Tem que partir pra ação, sair da
retórica, e liberar recursos. Todos que conversamos no governo federal são
favoráveis, mas o fato é que os recursos não saem.
Alexandre Toledo (Alagoas): Essa é uma questão para todos e não de estado. É uma política
nacional que se faz com recursos do orçamento que está lá em Brasília.
Christiano Áureo (Rio de Janeiro): A etapa de convencimento geral
fica jogada para trás quando tem o corre-corre no caso de foco de aftosa e vão
se liberar recursos.
João Sampaio: Não é a construção de uma
ponte, é uma ação contínua que o estado tem que fazer. Se não tiver recursos
financeiros não iremos ter continuidades de ações.
Agrishow; difusão de tecnologia na
cadeia produtiva do agronegócio.
Cana-de-açúcar:
Como São Paulo está trabalhando a questão das
queimadas e a sustentabilidade do setor?
João Sampaio: A cana é extremamente importante
para a economia paulista. Temos em nosso estado 24.900 milhões de hectares
desses, 22 milhões são áreas agricultáveis. A cana ocupa 4.300 milhões
representando 20% de área e correspondendo a 45% do total da renda agrícola do
estado. Caso se concretize as previsões de crescimento o plantio será de 6 milhões
de hectares, dentro de 4 anos. Não se configura uma monocultura, entretanto, se
não tiver um controle ordenado haverá preocupação. O governo do estado tem agido
para que a sustentabilidade trabalhada com parcerias com a secretaria de meio
ambiente crie um protocolo sócio-ambiental com algumas regras a serem seguidas,
como recomposição de mata ciliar e o fim gradual da queimada de cana. Queremos
reduzir o prazo previsto em Lei que vai até 2031, para o fim das queimadas, mas
é tão simples.
Secretário
João Sampaio
O que falta par antecipar esse prazo?
João Sampaio: Temos que considerar desde
o espaçamento no plantio de cana até a demanda de máquinas colheitadeiras pelas
indústrias. Falta terminar o dialogo com todos os setores envolvidos. Setor
público, privado, trabalhadores, beneficiadores, produtores. A meta é chegar a
um consenso neste mês de maio.
O que o governo paulista tem proposto junto aos
institutos de pesquisas e universidades?
João Sampaio: Os trabalhos realizados
pelos institutos de pesquisas estão expostos aqui na Agrishow como variedade de
cana-de-açúcar que consome menos água, menos adubo. A revitalização dos
colégios técnicos agrícolas é um ponto defendido e que será trabalhado pelo
governo Serra. Na pequena propriedade estamos mostrando que pode ser viável a cana-de-açúcar
com projetos como o açúcar mascavo que agregará valor ao pequeno agricultor.
Qual é a visão do senhor em relação ao que foi
publicado no jornal Folha de S. Paulo dizendo que a vida útil de trabalho, dos cortadores
de cana, ser inferior à dos escravos?
João Sampaio: Eu discordo completamente.
Não é trabalho escravo, a secretaria não aceita, se houver irregularidades,
elas tem que ser apuradas e coibidas. O trabalho é pesado na colheita de cana e
nesse momento remunera mais do que a maioria de outros setores. O que precisa é
encontrar um equilíbrio entre a remuneração condizente com o tipo de trabalho.
A cana é um dos poucos setores onde existe um
conselho chamado Consecana que através de muita transparência o fornecedor sabe
exatamente o que recebe como recebe e quando recebe mostrando o sucesso atual
em que passa o setor.
Está previsto o remanejamento desses trabalhadores
quando for implantado a mecanização na colheita de cana?
João Sampaio: Este é um desafio. Estamos
discutindo como pode ser feito. O Senar e o Sebrae estão fazendo uma
qualificação e re-qualificação desses trabalhadores em parceria com a
secretaria de agricultura. Culturas alternativas, utilização de rebarba de
cana, seringueira, ovinocultura, caprinocultura, fruticultura são todas
culturas que absorverão mão-de-obra e remuneram de maneira condizente e estão
sendo incentivadas pelo governo. Imaginamos que isso possa ser a substituição
dos postos de trabalho do setor canavieiro.
Matéria publicada originalmente na edição 40 Jornal Pires Rural, 15/05/2007-www.dospires.com.br]
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos.
Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…
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