Jornal Pires Rural - Há 13 anos revelando a agricultura familiar

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Feira Corujão de Rio Claro vai além da venda de alimentos


Iniciada em meados de dezembro de 2012, no amplo pátio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de Rio Claro (av. 58-A, nº 600, jardim América) a Feira Corujão foi uma solicitação dos agricultores familiares com o objetivo de vender a produção excedente. Uma vez por semana 17 agricultores e seus familiares se reúnem para vender pó de café, mel, ovos, linguiças, pães, pastéis, hortaliças, cachaça, frutas, legumes, pupunha em conserva e licores.
 Os agricultores formaram a Associação de Produtores Rurais de Rio Claro e região em 2012 (juntando produtores rurais de Limeira, Leme, Ipeuna, Cordeirópolis, Araras e Conchal), vendem alimentos através do Programa de Aquisição de Alimentos PAA, fornecem para a merenda escolar e para a Feira Corujão. A prefeitura municipal de Rio Claro oferece assistência técnica através do engenheiro agrônomo, um veterinário, uma assistente social, um galpão para separação dos alimentos para a merenda, uma cozinha industrial, está conseguindo verba para comprar equipamentos para o processamento dos alimentos. Desde o ano passado, o município oferece o Serviço de Inspeção Municipal - SIM (para alimentos de origem animal) com orientações para pequenas agroindústrias.



Segundo Maria Elena De Mori, assistente social, diretora de abastecimento da prefeitura de Rio Claro, quando a atual gestão assumiu em 2009, a secretaria de Agricultura não dispunha de dados dos agricultores familiares do município, a merenda escolar era terceirizada. "Não sabíamos quantos eram. Tínhamos os dados do Lupa, mas não acreditávamos por ser uma pesquisa da ‘porteira pra fora’, uma pesquisa aplicada com a finalidade de acesso a financiamentos, o produtor responde o que lhe perguntam. A secretaria firmou parceria com curso de geografia da UNESP, realizamos um levantamento das propriedades rurais, chegamos a 800 propriedades cadastradas, constatando a realidade econômica, social, cultural dos agricultores”, conta Maria Elena.
A partir do cadastramento formou-se a Associação com muitas dificuldades. "Os agricultores não acreditavam em nós. Precisávamos de 130 agricultores para realizar cadastro no Programa de Aquisição de Alimentos PAA do governo federal, não podíamos perder o prazo. Uma amiga do Vale do Ribeira nos ‘emprestou’ as Declarações de Aptidão ao Pronaf - DAP dos agricultores da cooperativa de lá para não perdermos a data e o Programa aqui. Para os agricultores venderem para a merenda escolar criamos associação regional, mesmo assim conseguimos entregar somente R$ 600.000,00 no primeiro ano, para uma demanda de 2 milhões", conta Maria Elena.
O passado é recente e os resultados foram gerenciados pela secretaria de forma que, com tantas possibilidades em aberto, os agricultores foram aderindo. Hoje estão registrando uma cooperativa com produtores de 11 municípios, com o objetivo dos produtores rurais não perderem oportunidades de vendas. "Conseguimos ter acesso a uma emenda parlamentar federal, a verba será destinada a compra de equipamentos para a cozinha industrial no processamento de alimentos. Estamos com outro espaço na cidade para mais um dia de feira. Um novo projeto "Agronegócio" em parceria com a Associação Comercial de Rio Claro para que o comércio local como supermercados, varejões e restaurantes comprem alimentos diretamente dos agricultores no espaço que montamos aqui na secretaria", afirma Maria Elena.


O casal André Camargo e Silvia Rossi, ambos zootecnistas começaram produzir linguiças caseiras em 2007. No início vendiam para familiares e amigos, incentivados pelos mesmos resolveram investir no negócio, mas na época o município não oferecia o Serviço de Inspeção Municipal - SIM. Desta forma não poderiam formalizar o negócio, um projeto com nome Linguiceria S.A. Procuraram a secretaria de Agricultura com o projeto, produção, consultoria do SEBRAE, estrutura em local próprio, orientados pelo veterinário da prefeitura, fizeram novas adaptações ao local. "Tínhamos medo de comercializar sem a inspeção, estamos participando da Feira do Corujão pela terceira vez, a partir de agora com o SIM, venderemos para o comércio. Acho que o município nos oferece mercado suficiente para nossa produção artesanal", afirma Silvia.

O Sr. Amadeo Gomes Filho, presidente da Associação dos Produtores Rurais de Rio Claro e região exerceu a profissão de marceneiro durante 20 anos, tomou a decisão de voltar para a área rural para se dedicar totalmente à produção agrícola. Para ele, a Feira Corujão é fundamental para os produtores rurais porque o agricultor vende os alimentos diretamente para o consumidor com valor agregado, oferecendo alimentos frescos e de qualidade, fidelizando clientes, garantido as vendas durante a semana. "No meu caso, o plano do governo para fixar o homem no campo deu certo porque eu voltei para o campo. Deixei a profissão de marceneiro e voltei a produzir alimento porque agora me sinto muito mais seguro por ter a quem vender o que produzo", afirma Amadeo.


Capa da edição 141 do Jornal Pires Rural


[Matéria publicada originalmente na edição 141 do Jornal Pires Rural, 01/11/2013 - www.dospires.com.br]


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Logo

Logo
Há 13 anos revelando a agricultura familiar