A Agricultura urbana faz parte do Programa Fome Zero,
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, e permite a produção de
alimentos de forma comunitária com uso de tecnologia em especial com atuação
das prefeituras, são implementadas hortas, lavouras, viveiros, pomares,
canteiros de ervas medicinais, criação de pequenos animais, unidades de
processamento/beneficiamento agroalimentar e feiras e mercados públicos
populares. Os alimentos produzidos são destinados para auto-consumo,
abastecimento de restaurantes populares, cozinhas comunitárias e venda de excedente no mercado local,
resultando em inclusão social, melhoria da alimentação e nutrição e geração de
renda.
Nas cidades brasileiras existe uma prática de cimentar os
quintais das casas e terrenos em volta de prédios e escolas. Com isso as
pessoas se afastam da terra, dos pássaros, insetos e animais com falsos
argumentos de higiene, limpeza e segurança.
Em muitas cidades da Ásia e hemisfério norte existe o
oposto. O quintal e todos os espaços
abertos são usados para praticar a assim chamada ‘agricultura urbana”,
produzindo verduras, ervas, frutas, cereais, cogumelos, até usando as paredes
para produzir uvas. Muitos países permitem a criação de pequenos animais,
peixes e abelhas para a produção de ovos, carne e mel. As autoridades
sanitárias ditam as regras de higiene e mantém a fiscalização.
Além disso, existem cidades, como Vancouver (Canadá),
mantendo hortas de demonstração para ensinar a milhares de canadenses como
fazer composto a partir do lixo doméstico e as práticas de produção e
conservação de alimentos. Para irrigar usa-se a água da chuva . Dados da FAO
(Organização da Agricultura e Alimentos) mostram que os agricultores urbanos
abastecem 45% do consumo de vegetais em Hong Kong , 50% em Karachi Paquistão ,
85% em Xangai. Na
Ásia 50% das famílias urbanas praticam a Agricultura Urbana.
Na cidade de Limeira, Dona Deizi Forster de Lima,
aposentada, moradora do jardim Rossi, é cultiva agricultura urbana há muitos
anos na área verde em frente à sua casa, transporta água, adubo e esterco, e a
produção é para consumo próprio e doações. Mesmo não fazendo parte de nenhum
programa que incentive a agricultura urbana, a “agricultora urbana ” conta que
a atividade já faz parte da vida do casal, pois quando interromperam a
atividade por motivos de força maior o marido sofreu muito, cita vantagens como
segurança alimentar, economia, doação para os que pedem, atividade diária
depois da aposentadoria. “ Quando começamos cultivar a área verde tinha muito
mato e lixo, meu marido cercou o espaço que íamos utilizar e desde então nos
dedicamos todos os dias na produção de feijão, acerola, berinjela, giló, rabanete, beterraba,
chegamos a produzir mais de 20 culturas diferentes, agora diminuímos por causa
do sol quente”, conta Deizi.
Mudas para agricultura urbana
Para abastecer as centenas de hortas urbanas existentes em
Limeira, é preciso ter mudas de hortaliças próximas ao centro urbanizado.
Encontramos um pequeno terreno mantido por Dirceu Henrique, senhor aposentado,
que há dez anos esta abastecendo esses diversos pequenos horticultores
espalhados pela cidade. Quando começou a plantar na cidade, Dirceu, junto com
mais cinco amigos limpou três terrenos próximos a casa deles, tirando todo mato
e entulho, para preparar 32 canteiros cobertos de tela onde plantavam frutas,
legumes e verduras que vendiam na vizinhança. “Depois de uns dois anos, muito
mercados faziam oferta, como R$0,30 o pé de alface, todos corriam lá comprar e
eu perdia minha produção”, comenta Dirceu.
No ramo de mudas ele resolveu apostar através de um
conhecido de Americana que o ajudou a montar a estufa, “eu comprava as mudas
dele e revendia por aqui. Passou o tempo tive que arrumar mudas em outros
lugares. Alguns fornecedores começaram a fazer exigências na quantidade e
freqüência que precisei ir trocando. Agora estou a três anos pegando mudas com
a Angelita do bairro dos Frades. Eles trazem aqui semanalmente 25 bandejas de vários
tipos de alface, couve, repolho, salsinha, cebolinha”, disse.
Ele comentou que no inicio foi difícil arrumar freguesia,
mas hoje atende as encomendas por telefone. Os mais vendidos variam com a época
do ano ele afirma, “quando está calor sai mais o alface. Quando vai virando
para a época do frio, começa a sair mais brócolis, repolho, agrião e chicória.
Mas eu já tenho controle, peguei experiência nesse tempo, já sei quando uma
bandeja está boa para plantar”.
Os fregueses de Dirceu são bem variados, ele cita que vende
para a horta do ISCA faculdade, e do hospital Humanitária, um mercado que
planta hortaliças perto do horto florestal para abastecimento próprio, além de
vários senhores aposentado de bairros como Cecap, Vila São Luis e Jardim Rossi
e Nova Suiça. “Tenho uma reserva pra se alguém chegar aí sem encomendar eu faço
a bandeja na hora, mas eu dou preferência para aquele que está comprando
sempre, se sobrar ai eu passo pra frente”, disse.
“Eu trabalho
distribuindo as mudas apenas e meu sistema aqui é que a pessoa não trás a
bandeja vazia para fazer a troca, ela leva e fica de trazer a bandeja depois,
eu fico com o telefone dela agendado, se precisar ligo cobrando”, destacou.
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos.
Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…
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