O Jornal Pires Rural vem realizando um trabalho de registro
de pessoas que estão fazendo história com atuação política para o município e
que, muitas vezes, passam despercebidas quando a população é vista como um
todo. A proposta é registrar momentos das vidas desses personagens para que
eles possam sair do anomimato e despertar habilidades e talentos adormecidos
para os leitores deste veículo.
O Sr. Nilo Faber, agricultor, ex-presidente do Sindicato
Rural de Limeira, ambientalista
Presidente da comunidade do bairro Lagoa Nova no período de
1969 a 1999, uma pessoa que fez história para Limeira e conta algumas
experiências dos 80 anos de vida. Casado com Joana Arnosti Faber há 55 anos, ainda residem no
bairro e na mesma propriedade da família, desde 1928. Bisneto de franceses e
alemães, os antepassados vieram para a fazenda Pinhal, ajudaram a fundar a
Santa Helena e outras colônias de imigrantes europeus no município, “As
colônias eram formadas na tentativa de manter os hábitos e costumes dos
imigrantes para que eles se sentissem mais próximos de seu país e o que
aprenderam por lá”, afirma Sr. Nilo. Os avós maternos já moravam no bairro
Lagoa Nova quando os pais se casaram em 1913 e passaram a morar na colônia da
fazenda, onde hoje ainda existe a capela de Nossa Senhora das Dores ( desde
1910, padre Sebastião Celso Cabral de Vasconcelos está na comunidade há 40
anos), doação do avô para a capela e antiga escola do bairro (hoje desativada).
Sr. Nilo nos relatou fatos marcantes em sua vida como a
importância da conclusão dos 3 anos de estudos na escola do bairro. Com
nostalgia, recorda o papel que a professora Isaura representou para sua vida. “
Meu avô doou o terreno para a escola e para o Estado administrar e a professora
Isaura Gaisi, de Piracicaba mudou-se para o bairro e aqui permaneceu por 18
anos. A classe era mista e tinha muitos alunos. Eu me lembro muito bem do dia
em que o inspetor veio e pediu para que ela diminuísse o número de alunos e,
com muita tristeza, ela conseguiu diminuir apenas três”, afirma Sr. Nilo.
Com a participação das famílias Candioto, Crivelari, João
Pastor, Valdir Salviatti, Sr. Nilo esteve à frente dos trabalhos na comunidade.
Liderou os trabalhos com dificuldades e muitas conquistas, que podemos
classificar como uma gestão empreendedora num tempo em que as pessoas participavam das festa locais para
se encontrarem, desgustar boa comida e ouvir músicas ao som de toca discos 78
rotações . “ Quando assumi a comunidade, a capela era pequena e, aumentamos
fazendo uma estrutura por fora. Usamos vigas de 30x30cm (quadrada), não
tínhamos energia elétrica, as festas eram realizadas durante o dia apenas aos
domingos. O fazendeiro Humberto Ambruster, que tinha uma propriedade perto da
capela, apareceu aqui em casa com a proposta de trazermos energia para a
capela. Convoquei a diretoria com urgência e cada um contribuiu com uma parte
do valor total e depois o caixa da capela repôs, e , como todos os
proprietários tinham comprado com o Darci da elétrica, ele nos favoreceu no
prazo e pagamento”, afirma Sr. Nilo.
Sobre a organização das festas, Sr. Nilo conta que o
trabalho só aumentou. Graças à qualidade dos serviços, a festa reunia cada vez
mais pessoas. Conta que começou sua gestão com 35 frangos assados e terminou
com 400 e, de 4 leitoas, para 30 unidades vendidas. “ Nós tínhamos muitos
problemas com os vendedores ambulantes, mas conseguimos controlar com ajuda da
prefeitura; um grande desperdício de garrafas e copos de vidro foi controlado
com a construção de uma barraca (hoje o barracão onde são realizadas as festas)
para o público participar”, afirma
A festa era realizada no mês de setembro, mês próximo das
eleições, então o evento recebia os políticos candidatos nas eleições com
intenções de votos. “ Os candidatos vinham com a intenção de pregar cartazes
nas árvores e prometiam gastar muito na festa, mas eu nunca vi político gastar
dinheiro à vontade”, afirma.
Quando o assunto é colaboração da prefeitura na época, Sr.
Nilo conta do ex-prefeito Memau ( Valdemar Matos Silveira) que ajudou muito a
comunidade quanto aos pedidos. “ No tempo do Memau, nós precisávamos fazer os
sanitários. Eu recorri a ele, mas não havia justificativa para a prefeitura
mandar o material e a mão-de-obra; então chegamos à conclusão de que a capela
pagaria o material e a prefeitura arcou com a mão-de-obra com a justificativa
de que estava fazendo uma obra para a comunidade”,conta.
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos.
Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…
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