A ciência não comprovou que os
produtos orgânicos façam bem à saúde, mas já comprovou que o excesso de
pesticidas encontrado nos alimentos faz muito mal á saúde. Em tempos que os
córregos estão contaminados por metais pesados entre outros, o leite
comercializado é impróprio para o consumo, exigir a procedência dos alimentos
por nós consumidos deixou de ser uma neurose ou frescura. Resultados
preliminares de uma pesquisa realizada pela Universidade de Newcastle, no Reino
Unido, com financiamento da União Européia, a pesquisa indica que frutas e
vegetais orgânicos possuem, em relação aos seus similares não-orgânicos, até
40% mais antioxidantes – substâncias relacionadas à diminuição dos riscos de
câncer e de doenças cardiovasculares. O leite orgânico, por exemplo, pode
conter até 80% mais antioxidantes do que o comum. O estudo, que começou há três
anos, ainda está em andamento, a previsão é que seja finalizado em 2008.
José Roberto Dalfré, engenheiro
mecânico, nem imaginava a existência dos produtos orgânicos quando foi
trabalhar na fazenda Santa Tereza do Alto em Itupeva em 1999. Trabalhando na
manutenção e criação de tudo o que envolvia a produção de orgânicos, a fazenda
havia adquirido o certificado e produzia muitos alimentos, então, Dalfré foi
convidado a distribuir os alimentos ali produzidos. “Começamos com uma feira em
Itupeva, depois a feira de Piracicaba e a de Limeira (em frente ao Vô Lucatto),
naquela época eu batia de porta em porta oferecendo os produtos para a dona de
casa conhecer e consumir, assim formei meus consumidores e a Terra e Vida”.
O consumidor de produtos
orgânicos apresenta poder aquisitivo médio, alto. Para Dalfré, o importante é
ter consciência em relação ao poder aquisitivo, segundo o distribuidor, a dona
de casa tem que saber comprar e ter consciência do quanto pode investir
semanalmente no consumo de alimentos, sem desperdício. A comparação é entre
aquele consumidor que compra em excesso um produto que está na oferta e não
consegue consumir todo o montante, provocando perda, e aquele consumidor que
sabe o valor e quantidade que consome durante a semana, sem desperdício.” O
produto convencional não é tão resistente ao tempo de conservação do que o
orgânico que oferece maior resistência por permanecer mais tempo no solo, ter
maior consistência, não apresenta deficiência de nutrientes.A cenoura dura em
média 70 dias na geladeira (armazenada adequadamente) enquanto a convencional
costuma durar 30 dias, a batata vem suja de terra sem conservantes, permanecendo
o sabor por mais tempo”, afirma.
Consumir orgânicos vai além de
ingerir alimentos sem agrotóxicos, envolve um estilo de vida que propõe
entender todo o ciclo de produção desde o comportamento de quem adotou esse
sistema de produção e certificação até o entendimento de que para se consumir
esses produtos as pessoas precisam adotar um comportamento diferenciado perante
o senso comum. O que normalmente classifica os consumidores de produtos
convencionais, segundo Dalfré, é a falta de disciplina e hábitos que os levam a
consumir qualquer produto por não esperar pela safra do produto desejado
naquele momento.
Limeira não tem produtor de
orgânicos, chegou a ter um produtor de laranjas ( em outro município). “Os
produtores que fazem propaganda de produtos sem agrotóxicos e naturais têm
enganado os consumidores que acabam encontrando adubo, uréia e Randup para o
mato; tenho ouvido muitos depoimentos de consumidores que se enganam com essas
propagandas, eu só comercializo produtos certificados para ter garantia do que
estou oferecendo”, afirma.
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos.
Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…
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