Foi lançado durante a Agrishow 2004, visa treinar
profissionais do corte de cana, antigamente conhecidos como “bóias-frias”, e
capacitá-los para aperfeiçoarem seu trabalho.
Em Iracemápolis, a Usina Iracema, do grupo São Martinho,
solicitou a realização desse curso através do Sindicato Rural Patronal de
Limeira.
Oferecido gratuitamente pelo SENAR, durante o período de
06/08/2007 a 11/09/2007, serão ministradas palestras, dia de campo e visita à
produção da Usina para os trabalhadores do corte da cana. O curso vai das 7 da
manhã às 16h, com almoço e duas pausas de café, onde os trabalhadores
participantes recebem suas diárias normalmente.
No programa estão incluídas informações para melhorar a
produtividade, aumentando a rentabilidade do trabalhador, conscientização do
uso de EPIs (equipamentos de proteção individual) reduzindo acidentes, bem como
melhor cuidado com esses equipamentos; o lado cultural narrando um breve
histórico da origem da cana-de-açúcar, ambiente de trabalho mais limpo,
valorização profissional, maior eficiência no corte, melhorando a qualidade da
matéria-prima e aumentando a longevidade das soqueiras da cana nas plantações.
Para a equipe técnica do SENAR é comum as pessoas passarem
por esse treinamento e aumentarem a sua eficiência de corte de 6 para 8, ou,
até, 10 toneladas por dia. Fabio Camilotti, instrutor do SENAR e preletor do
curso desde 2003, já visitou 15 usinas com esse tema, “O pessoal tem gostado
muito. Tem toda uma metodologia por trás explicando o porquê das coisas, contando
desde onde vem a cana até o uso correto dos EPI, abordando a qualidade dos
serviços executados, os cuidados com a saúde de um modo geral e uma aula prática
no campo. Eles aprendem, aqui, que a cana tem que ser cortada raso, ou seja,
onde tem a maior quantidade do caldo de açúcar. Recebem uma pasta com lápis,
borracha, caneta, caderno e uma cartilha elaborada pelo SENAR. O que mais
desperta a atenção desse pessoal é a história da cana”.
Pela metodologia elaborada por Gean Guimarães do SENAR,
Marcos Fará e Luís Carlos Tasso Júnior, agrônomos do Coopercana, foi possível
inserir uma nova nomenclatura para o trabalho dessas pessoas: profissionais do
corte de cana.
Ao todo a Usina Iracema tem 26 equipes de trabalho, cada uma
contendo de 40 a
42 pessoas. Com uma produção média diária, por equipe, de 300 a 350 toneladas de cana,
a Usina viu saltar para 400 até 500 toneladas de cana cortada, depois da
introdução desse curso para os seus trabalhadores.
Marlon de Souza, coordenador de serviços agrícolas da Usina
Iracema, relata que a missão, visão e valores passados estão dentro dos valores
da empresa. “O maior tesouro da empresa é o ser humano e o seu bem estar é
condição para qualquer empresa ser competitiva e para isso ela tem que ter um
diferencial. Essa é a maior razão de investirmos e o retorno é, sem dúvida,
muito expressivo”. Ele disse, ainda, que a maioria dos trabalhadores tem o
primeiro grau e que esse curso dá uma base técnica e significa para eles uma adaptação.
“Recentemente li uma frase dizendo que o analfabeto do século 21 não é aquele
que não sabe ler ou escrever, mas aquele que não adere às mudanças. Então,
essas pessoas estão aderindo a mudanças, a globalização, exigências da empresa.
Vão ser profissionais capacitados para exercer a função deles”, conclui.
Ouvimos três profissionais presentes ao curso Cana Limpa, um
deles Giovano da Silva, 30, disse que estava esperando a vez de sua equipe
chegar “o boato deixava curioso. Como é por turma, veio na seqüência e chegou o
dia nosso. Pra gente que trabalha na lavoura é muito bom. Aprendi muita coisa
que não sabia”. Geraldo de Jesus Santos, 49, já tinha feito o curso o ano
passado “mas não tava muito ligado; agora, prestei atenção e aprendi melhor. O
que o professor deixou muito alerta foi de obedecer às ordens, usar os
equipamentos necessários para o bem da gente”. Profissional do corte de cana e
monitora de ginástica laboral da equipe Josiane Rodrigues dos Santos, 23,
trabalha há três anos e meio nessa profissão. Moradora da cidade de Leme como
os demais, fazia o Cana Limpa pela segunda vez e disse que relembrou partes
importantes, como “o uso dos EPI´s, que é para o bem da minha saúde e
segurança. É para o bem dos meus amigos também. Foi legal conhecer dentro da
Usina. Vimos como funcionam as máquinas. Não fazia idéia do que tinha lá
dentro, o movimento,
a cana que a gente corta, o açúcar que é produzido, foi muito legal”.
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos.
Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…
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