Jornal Pires Rural - Há 13 anos revelando a agricultura familiar

domingo, 8 de novembro de 2015

O pesquisador de abelhas



Hermelindo Sandri, 74 anos, é um estudioso empírico ( fundado exclusivamente na experiência) de abelhas e a rotina desses insetos desde os 8 anos de idade. Tudo o que sabe foi avaliado pela colméia desde pôr os ovos, a preparação da colméia, o nascimento.  Quando criança ia trabalhar com o pai e irmãos na roça e, segundo ele, sempre chegava por último porque ficava observando a rotina dos insetos por onde passava. “Eu observava formigas, aranhas, abelhas e o interesse pelos insetos só aumentou. Aos 14 anos minha mãe me ensinou a manipular as abelhas italianas com ferrão no enxame. Passei a criar abelhas melíferas (com ferrão)”, conta Hermelindo.
Segundo Sr. Hermelindo existem 420 espécies de abelhas no mundo e o Brasil detém 320 do total, apenas quatro espécies de abelhas com ferrão, a italiana, americana, africana e australiana. No caso das abelhas silvestres, a rainha voa apenas duas vezes na vida,  tem o vôo nupcial, volta e é aprisionada. Quando começa a postura, dilata o abdomem a ponto de não dar sustentação, se sair morre. Já a abelha africanizada ( 4 no mundo), voam quantas vezes for necessário. Toda espécie tem determinado o espaço necessário para a produção da colméia.
A experiência de mudar a caixa de posição para avaliar o sentido do retorno das abelhas para a caixa, constatou que elas voam em função do sistema magnético da terra, voam em volta e seguem em linha reta.


Para comprovar se as abelhas têm noção do tempo, colocou a colméia bem fechada com cera dentro do guarda-roupa à noite, com o quarto totalmente fechado. No outro dia abriu o quarto às 10h, as abelhas estavam do lado de fora da caixa.
Durante todos esses anos de experiência, Sr. Hermelindo afirma que o comportamento das abelhas mudou muito em função da má gestão do meio ambiente. Ele costuma dividir colméias e presentear os amigos, já chegou a multiplicar uma colméia em 26, afirma que no ano passado não conseguiu reproduzir, e chegou à conclusão de que há influência do meio ambiente. “No ano passado reproduzi 1 , 2 rainhas, o normal é de 3 a 4 rainhas por colméia. Como a floração foi alterada pelo clima e pulverizações em excesso, a produção de mel e a polinização das plantas está seriamente comprometida. Eu percebo que  a flor de laranja tem gotículas de mel, mas não tem abelhas retirando, porque quando o veneno é recente no botão, a abelha não suga, e quando o botão abre as abelhas já dispersaram”, lamenta Sr.Hermelindo. 



Matéria publicada originalmente na edição 48 Jornal Pires Rural, 15/08/2007-www.dospires.com.br]
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos. 
Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…

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