Iniciada em meados de dezembro de 2012, no amplo pátio
da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de Rio Claro (av. 58-A, nº 600,
jardim América) a Feira Corujão foi uma solicitação dos agricultores familiares
com o objetivo de vender a produção excedente. Uma vez por semana 17
agricultores e seus familiares se reúnem para vender pó de café, mel, ovos,
linguiças, pães, pastéis, hortaliças, cachaça, frutas, legumes, pupunha em
conserva e licores.
Os agricultores
formaram a Associação de Produtores Rurais de Rio Claro e região em 2012 (juntando
produtores rurais de Limeira, Leme, Ipeuna, Cordeirópolis, Araras e Conchal),
vendem alimentos através do Programa de Aquisição de Alimentos PAA, fornecem
para a merenda escolar e para a Feira Corujão. A prefeitura municipal de Rio
Claro oferece assistência técnica através do engenheiro agrônomo, um
veterinário, uma assistente social, um galpão para separação dos alimentos para
a merenda, uma cozinha industrial, está conseguindo verba para comprar
equipamentos para o processamento dos alimentos. Desde o ano passado, o
município oferece o Serviço de Inspeção Municipal - SIM (para alimentos de
origem animal) com orientações para pequenas agroindústrias.
Segundo Maria Elena De Mori, assistente social,
diretora de abastecimento da prefeitura de Rio Claro, quando a atual gestão
assumiu em 2009, a secretaria de Agricultura não dispunha de dados dos
agricultores familiares do município, a merenda escolar era terceirizada.
"Não sabíamos quantos eram. Tínhamos os dados do Lupa, mas não
acreditávamos por ser uma pesquisa da ‘porteira pra fora’, uma pesquisa
aplicada com a finalidade de acesso a financiamentos, o produtor responde o que
lhe perguntam. A secretaria firmou parceria com curso de geografia da UNESP,
realizamos um levantamento das propriedades rurais, chegamos a 800 propriedades
cadastradas, constatando a realidade econômica, social, cultural dos
agricultores”, conta Maria Elena.
A partir do cadastramento formou-se a Associação com
muitas dificuldades. "Os agricultores não acreditavam em nós. Precisávamos
de 130 agricultores para realizar cadastro no Programa de Aquisição de
Alimentos PAA do governo federal, não podíamos perder o prazo. Uma amiga do
Vale do Ribeira nos ‘emprestou’ as Declarações de Aptidão ao Pronaf - DAP dos
agricultores da cooperativa de lá para não perdermos a data e o Programa aqui.
Para os agricultores venderem para a merenda escolar criamos associação
regional, mesmo assim conseguimos entregar somente R$ 600.000,00 no primeiro
ano, para uma demanda de 2 milhões", conta Maria Elena.
O passado é recente e os resultados foram gerenciados
pela secretaria de forma que, com tantas possibilidades em aberto, os
agricultores foram aderindo. Hoje estão registrando uma cooperativa com
produtores de 11 municípios, com o objetivo dos produtores rurais não perderem
oportunidades de vendas. "Conseguimos ter acesso a uma emenda parlamentar
federal, a verba será destinada a compra de equipamentos para a cozinha
industrial no processamento de alimentos. Estamos com outro espaço na cidade
para mais um dia de feira. Um novo projeto "Agronegócio" em parceria
com a Associação Comercial de Rio Claro para que o comércio local como
supermercados, varejões e restaurantes comprem alimentos diretamente dos
agricultores no espaço que montamos aqui na secretaria", afirma Maria
Elena.
O casal André Camargo e Silvia Rossi, ambos
zootecnistas começaram produzir linguiças caseiras em 2007. No início vendiam
para familiares e amigos, incentivados pelos mesmos resolveram investir no
negócio, mas na época o município não oferecia o Serviço de Inspeção Municipal -
SIM. Desta forma não poderiam formalizar o negócio, um projeto com nome
Linguiceria S.A. Procuraram a secretaria de Agricultura com o projeto,
produção, consultoria do SEBRAE, estrutura em local próprio, orientados pelo
veterinário da prefeitura, fizeram novas adaptações ao local. "Tínhamos
medo de comercializar sem a inspeção, estamos participando da Feira do Corujão
pela terceira vez, a partir de agora com o SIM, venderemos para o comércio.
Acho que o município nos oferece mercado suficiente para nossa produção
artesanal", afirma Silvia.
O Sr. Amadeo Gomes Filho, presidente da Associação dos
Produtores Rurais de Rio Claro e região exerceu a profissão de marceneiro
durante 20 anos, tomou a decisão de voltar para a área rural para se dedicar
totalmente à produção agrícola. Para ele, a Feira Corujão é fundamental para os
produtores rurais porque o agricultor vende os alimentos diretamente para o
consumidor com valor agregado, oferecendo alimentos frescos e de qualidade,
fidelizando clientes, garantido as vendas durante a semana. "No meu caso,
o plano do governo para fixar o homem no campo deu certo porque eu voltei para
o campo. Deixei a profissão de marceneiro e voltei a produzir alimento porque
agora me sinto muito mais seguro por ter a quem vender o que produzo",
afirma Amadeo.
Capa da edição 141 do Jornal Pires Rural
[Matéria publicada originalmente na edição 141 do Jornal Pires Rural, 01/11/2013 - www.dospires.com.br]
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