A valorização do dólar e até uma estiagem, que deve reduzir a oferta de alimentos, deixam o setor do agronegócio otimista com as perspectivas para os preços das commodities
Lavoura de arroz sofre com a estiagem e tem queda na produção. Foto:Marcel Menconi |
O Brasil mantém a aposta na agricultura contra a crise dos
emergentes
A valorização do dólar e até uma estiagem, que deve reduzir
a oferta de alimentos, deixam o setor do agronegócio otimista com as
perspectivas para os preços das commodities
Enquanto os mercados financeiros globais passam a olhar com
desconfiança para os países emergentes, o Brasil mantém a sua aposta nas
commodities agrícolas contra a crise que mudou o status do país de bola da vez
para patinho feio. Embora tenham caído entre 9% e 25% na Bolsa em relação ao
ano passado, os preços das principais matérias-primas agrícolas exportadas pelo
país, como soja, milho e açúcar, foram compensados pela alta do dólar. A cadeia
do agronegócio corresponde a 25% do PIB brasileiro e em 2013 suas exportações
geraram receitas de 82,6 bilhões de dólares, ou 34,5% do total nacional. A
expectativa dos exportadores é, ao menos, repetir o número. Em janeiro, o
Índice de Commodities agropecuárias do Banco Central (IC-Br) subiu 1,9% e
acumula uma alta de 5,9% nos últimos três meses.
Uma forte onda de calor que tem atingido a América do Sul
pode causar quebras de safra em diversas regiões do Brasil, que já registram
uma estiagem há mais de três semanas durante um período crucial de
desenvolvimento das plantas. Isso tem alimentado as expectativas dos
agricultores de alta dos preços, já que causaria uma redução na produção em um
momento em que a expectativa atual do Governo é de mais um recorde na oferta de
grãos. O cálculo final da safra ainda não foi refeito.
Na avaliação de Roberto Rodrigues, ex-ministro da
Agricultura de Lula entre 2003 e 2006, o mercado de grãos em 2014,
especialmente para a soja, deve ser bastante promissor. "Os estoques
globais atingiram níveis terrivelmente baixos, o que significa que um problema
climático que afete fortemente os maiores exportadores já basta para deixar o
mercado com uma crise de abastecimento", diz ele.
De acordo com João Bosco Azevedo, gerente comercial da
Cooperativa Integrada, sediada em Londrina, no Paraná, os produtores da região
estão segurando a soja na esperança de vendê-la a um preço mais alto. “Nossa
estimativa é de que 50% da safra atual tenha sido vendida até o começo de
fevereiro. No mesmo período do ano passado, nossa região já tinha uma média de
65%. Hoje, é raro encontrar um agricultor que esteja numa situação de aperto
financeiro. Já não existem aventureiros”, afirma ele, que trabalha para uma
cooperativa que conta com 7500 produtores de grãos e outros culturas e faturou
1,7 bilhão de reais no ano passado.
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