Antigamente, um maior número de filhos representaria mais braços (mão de obra) na família para trabalhar na agricultura. Atualmente, as aspirações são outras: de um lado, a utilização de máquinas e equipamentos e de outro, os produtores familiares aspiram novos projetos de vida profissional para seus filhos, pois tem como "espelho" para esses, sonhos e aspirações diferentes da realidade vivenciada por eles, que foi marcada por problemas para produzir e dificuldade para se reproduzir socialmente na agricultura.
Os projetos que os agricultores acalentam para seus filhos traduzem provavelmente a avaliação que fazem da situação global da sociedade na qual vivem. Basta um número significativo de produtores se oriente para o exterior da propriedade e que comece a preparar seus filhos para outras profissões e para a migração, para que aumente as dificuldades no momento da sucessão das atividades na agropecuária.
O problema sucessório, na maioria dos casos pode conduzir a conflitos que vão desde as formas de remuneração dos irmãos não contemplados com a propriedade paterna até a questão do viés de gênero que tende a acompanhar esses processos. O afastamento dessas questões acaba atrasando a definição dos arranjos familiares necessários, que envolvem tanto o herdeiro e a continuidade da unidade de produção paterna, quanto o destino dos demais irmãos não sucessores.
A situação de relacionar a cidade com uma melhor qualidade de vida do que o campo precisa ser revertido, pois, as cidades se mostram sem condições de receber mais migrantes. A continuidade da vida no campo como moradia e trabalho para esses jovens, se repensadas com o acréscimo: de crédito rural acessível, boas estradas, garantia e obtenção de preço justo na venda da produção, e acesso à moradia, a assistência médico-hospitalar, ao ensino de qualidade, com certeza trarão mais possibilidades de um futuro promissor do que nas cidades.
[Matéria publicada originalmente na edição 128 do Jornal Pires Rural, 17/04/2013 - www.dospires.com.br]
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