Foi realizado no
dia 26 de junho, na cidade de Artur Nogueira, o 5° Encontro para o
Desenvolvimento Rural Sustentável. Apoiado pela CATI – EDR Mogi-Mirim – com
parceria do Grupo Gestor de Integração e Planejamento ligado à prefeitura do município. Foram convidados mais
de 700 produtores rurais que, ao longo do dia, puderam conferir técnicas de subsolagem,
curvas de níveis, amostras de solo, além da realização de debates entre os
presentes, sobre temas que envolvem a agricultura. Para José Antônio Bertaglia
Sobrinho que esteve presente no 3° Encontro de 2007 e que agora retorna para
adquirir maior conhecimento. Ele conta “Daquela vez, foi explicado como fazer
um bom terraceamento; nesse aqui, teve explicação de como retirar amostras de
solo para análises. Falaram também como devemos agregar valores aos nossos
produtos”. José ainda disse que participa de eventos como esse “para aprender
mais e buscar uma solução” para melhorar o sustento com o trabalho do sítio.
No final do evento,
divididos em grupos, os agricultores explanaram suas discussões sobre os temas
abordados e apresentaram também as soluções que enxergaram para cada item (veja
texto ao lado).
Também estava
participando do 5° Encontro para o Desenvolvimento Rural Sustentável, o
prefeito de Artur Nogueira, Marcelo Capelini, que ouviu com atenção a
explanação de cada produtor rural e logo em seguida dirigiu a palavra aos
presentes, dizendo como o poder publico vai trabalhar para ver a união dos
produtores rurais.
Marcelo Capelini
O prefeito Marcelo
Capelini concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Pires Rural, onde falou que
quer transformar a cidade de Artur Nogueira em celeiro para abastecer a região
metropolitana de Campinas; leia a seguir trechos dessa entrevista;
JORNAL PIRES RURAL:
Sendo o atual prefeito de uma cidade essencialmente agrícola, como o Sr.
enxerga os temas discutidos aqui pelos produtores rurais?
MARCELO CAPELINI:
Procuro analisar Artur Nogueira pelo contexto em que ela se encontra. Estamos
localizados em um ponto onde as cidades
a nossa volta estão no mínimo a 10
km. Isso é viver numa região metropolitana, facilita a busca
por peças e serviços e, também gera demanda por produtos agrícolas. Se não fizermos a opção por ter um crescimento
controlado, Artur Nogueira vai perder a parcela rural e virar tudo zona urbana.
Acho que é o momento, não só em relação à Artur Nogueira, de se perguntar: o
que queremos para a nossa cidade?
JORNAL PIRES RURAL:
Como o Sr. trata esse tema?
MARCELO CAPELINI:
Estou tentando não descaracterizar a condição rural do município. As duas
vertentes, rural e urbano, existem e se completam. Quero buscar um investimento
industrial de maneira estruturada, não adianta trazer uma indústria e criar uma
demanda de 100 ou mil moradias sem estruturas, para depois ter que arcar com
saneamento básico e qualidade de vida para as pessoas. Sai muito mais em conta,
pela nossa característica agrícola, investir em mão-de-obra para esse setor do
que capacitar trabalhadores para o setor industrial. O Brasil não diz querer
ser o celeiro do mundo? Então, eu quero que Artur Nogueira, seja o celeiro da
região metropolitana de Campinas (RMC).
JORNAL PIRES RURAL:
De que forma o Sr. pretende alcançar esse objetivo?
MARCELO CAPELINI:
Como eu disse agora há pouco, faço um governo pensando em 2020. E pra isso, é
preciso tomar atitudes agora pensando nesse futuro. A região metropolitana de
Campinas “importa” comida de outros estados. Por que não produzir alimentos de
qualidade aqui em Artur
Nogueira?. Temos que cuidar de nossas terras porque elas são
boas para a produção de alimentos. Para isso nós precisamos que os produtores
rurais percam o medo de investir, achando que irão perder a terra. Isso só
acontece se for sozinho. Se for um movimento ordenado, conjunto, um protege o
outro.
JORNAL PIRES RURAL:
Seu governo pretende apoiar o produtor rural? De que maneira?
MARCELO CAPELINI: Vamos
buscar investimentos conjuntos. Vamos buscar carteira de produção com qualidade
e gestão de produção e através do governo fazer a inserção desses produtos no
mercado. Se eu juntar os nogueirenses, organizações da sociedade civil,
organismos públicos e elaborarmos um plano para as soluções de problemas,
podemos ter um município transformado na indústria da agricultura.
JORNAL PIRES RURAL:
Qual é o norte a seguir para a sustentabilidade dos produtores rurais?
MARCELO CAPELINI: É
implantar em Artur
Nogueira o cooperativismo da produção agrícola. Tenho certeza
que se investirmos na produção agrícola vamos melhorar a geração de emprego no
município. Então, a nossa condição de investir em produção de qualidade, busca
de tecnologia para produção o ano todo, é investir na união do produtor, para a montagem de uma cooperativa para buscar
grandes mercados. O importante é a união para iniciar a parceria com a
prefeitura. Mas, a barreira está no
produtor, não no governo. Por enquanto, eu vejo que eles não querem se unir,
querem ficar sozinhos.
JORNAL PIRES RURAL:
Mas isso é viável?
MARCELO CAPELINI:
Sim, é viável. Existem muitas
informações que comprovam que o associativismo, cooperativismo, ou seja, a luta
conjunta é a saída para se produzir com qualidade, ganhando mais e vendendo
tudo. A pessoa sozinha vai apresentar problemas e reclamar do governo. É
preciso parar de reclamar do governo e participar do governo. O evento de hoje
(5° Encontro para o Desenvolvimento Rural Sustentável) é uma ação do meu
governo, que abre espaço para as pessoas manifestarem suas críticas. No momento
que a pessoa traz a fúria do protesto, também traz a discussão do problema.
Porque a solução não está no governo,
ele apenas faz a integração da sociedade. É quem gira a manivela do motor,
representado pela sociedade. É o que estamos tentando fazer.
Matéria publicada originalmente na edição 76 Jornal Pires Rural, 15/07/2009-www.dospires.com.br]
Em comemoração aos 10 anos do início do Jornal dos Pires, logo acrescentado o Rural, tonando-se Jornal Pires Rural, estaremos revendo algumas das matérias que marcaram essa década de publicações, onde conquistamos a credibilidade, respeito e sinergia com nossos leitores e amigos. Quase sem querer iniciamos um trabalho pioneiro para a área rural de Limeira e região, fortalecendo e valorizando a vida no campo, que não é mais a mesma desde então…